São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996 |
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SUCESSO DE OPOSTOS Reportagem que esta Folha publica hoje compara as administrações municipais de Paulo Maluf (São Paulo) e Tarso Genro (Porto Alegre), tidas como gestões exitosas na avaliação das respectivas populações. O confronto entre as prefeituras suscita alguns comentários. Paulo Maluf, líder do PPB, sempre representou a direita dentro do espectro ideológico. Tarso Genro, petista, tem sua trajetória política identificada com as bandeiras da esquerda. Em que pesem as diferenças entre ambos, e elas existem, o fato é que a popularidade alcançada nos dois casos parece estar desvinculada da tradicional divisão entre direita e esquerda. A capacidade de responder a problemas práticos, enfrentar os desafios da cidade e atender as demandas diárias da população pesam mais e mais na avaliação dos governantes. É verdade que, entre as realizações efetivas de um político e seus índices de popularidade, pode haver defasagem ou até mesmo um abismo. Mas isso não significa, é claro, que a aceitação ou não de uma gestão por parte da população deixe de ser um termômetro importante para avaliá-la. Maluf faz do Projeto Cingapura e do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) duas bandeiras políticas que o aproximam da questão social e suavizam a imagem do mero tocador de obras. Tarso Genro, considerado um radical no início da sua carreira política, foi assumindo progressivamente posições mais moderadas, a ponto de ser considerado hoje uma das lideranças da ala "light" do PT, que vê na reciclagem de velhos dogmas da esquerda a única chance de sobrevivência do partido. A implementação do orçamento participativo é seu principal trunfo administrativo. A reportagem publicada hoje mostra que a tendência da descentralização política pode ser mais do que uma palavra de ordem vazia. Há problemas diários da população cuja solução está longe de ser satisfatória. Cabe aos prefeitos enfrentá-los com ousadia e criatividade. Texto Anterior: A RAIZ DA CÓLERA Próximo Texto: CONQUISTA FEMININA Índice |
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