São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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CONQUISTA FEMININA

A seleção feminina de basquete disputa hoje a final olímpica contra os EUA, anfitriões dos jogos e há tempo favoritos nessa modalidade esportiva. Independente do resultado da partida, o fato de ter chegado pela primeira vez à luta pela medalha de ouro, com uma campanha invicta, já coloca a equipe brasileira em uma posição de destaque que era inesperada até o início da Olimpíada.
Sem nenhum intuito de compartilhar com um certo exagero ufanista, que nessas ocasiões toma conta de muitos e acaba servindo de munição a diversos tipos de oportunismo, parece inegável que o feito das mulheres da seleção de basquete ilumina não apenas esse esporte ainda pouco valorizado no país, mas toda a participação da delegação feminina do Brasil nessa Olimpíada.
Não foi apenas no basquete, mas nos bons resultados no futebol e na belíssima campanha do vôlei, além dos inéditos ouro e prata conquistados no vôlei de praia, que o desempenho feminino se destacou e surpreendeu positivamente.
Em um país cuja tradição esportiva está muito atrelada ao futebol, numa nação acostumada a voltar suas atenções às performances masculinas, independente da modalidade em disputa, o impacto do desempenho das atletas nessa Olimpíada é dos mais positivos. Seu alcance remete a questões que ultrapassam em muito o âmbito meramente esportivo.
Afinal, não há como desconsiderar o efeito simbólico e cultural dessas conquistas. Num país que ainda convive com as mais variadas formas de machismo, no qual os direitos elementares da mulher, em várias regiões, começam apenas a engatinhar, o êxito da delegação feminina merece ser saudado como um importante passo em direção a uma sociedade mais saudável e esclarecida.

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