São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Onda de impeachment 'varre' prefeitos

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Derrubar prefeitos é a nova febre da política brasileira. Depois da queda do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, os municípios descobriram e praticam com rigor a arte de cassar mandatos.
Somente no Estado de Tocantins, 20% dos prefeitos foram derrubados ou estão em vias de perder o poder. Lá, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) tem sido rigoroso e comanda as cassações.
Neste Estado, a cidade de Lagoa da Confusão justifica o nome e é uma das recordistas de irregularidades. Em menos de um ano, dois prefeitos foram mandados para casa mais cedo.
Segundo a Associação Paulista de Municípios, São Paulo também tem registrado várias quedas. As últimas foram dos prefeitos de Iguape e Iporanga. No ano passado, uma dúzia foi afastada do poder. A maioria conseguiu voltar depois de vários recursos à Justiça.
O principal motivo para queda de um prefeito é o mesmo que afastou Collor: corrupção. Em muitos casos, a chamada "corrupção braba", como definiram à Folha presidentes de tribunais de contas.
Em outras ocasiões, os motivos são até folclóricos, como o caso do prefeito de Gameleira (PE), Manoel Caetano (PFL), que comprou bebidas -alcoólicas- com um cheque da prefeitura. (Veja no quadro ao lado os dez motivos que mais levam prefeitos à lona do impeachment).
Fiscalizar um município, segundo auditores de tribunais de contas, é uma tarefa muito mais fácil, pois conta com o "olho grande" da cidade.
Os eleitores se transformam em testemunhas oculares de um ato de corrupção. Se o prefeito compra um carro importado ou uma fazenda, por exemplo, lá está o vizinho para denunciá-lo.

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