São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Ações e falta de fiscais ameaçam rodízio

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O rodízio está ameaçado por exceções previstas ou previsíveis na sua organização. Liberação de caminhões, liminares e fiscalização limitada são desafios a seu completo sucesso.
Mais: só a eventual conscientização dos motoristas é capaz de garantir seu êxito, já que há várias saídas para continuar andando de carro durante a operação.
Em matéria de exceções, o ponto mais criticado tem sido a liberação dos cerca de 300 mil caminhões, que poderão circular livremente nos dez municípios do rodízio.
Os veículos a diesel são os que mais poluem isoladamente. Em média, a emissão de monóxido de carbono de um caminhão equivale à de quatro carros.
Eles respondem por 30% de todo o monóxido de carbono jogado no ar da Grande São Paulo. Entre os caminhões, 45% emitem fumaça preta acima dos níveis permitidos.
Liminares
Até sexta-feira, cinco liminares haviam sido concedidas contra o rodízio, beneficiando cerca de 9.000 pessoas, que provisoriamente estão liberadas para circular.
Novos pedidos de liminar podem ser encaminhados à Justiça hoje, e outros seis aguardam decisão desde a semana passada.
O eventual sucesso dessas ações pode estimular outras pessoas ou associações a iniciar processos -o que pode ser feito em qualquer tempo, durante a operação.
A fiscalização vai começar desfalcada em cerca de um terço. A Secretaria do Meio Ambiente pretendia contar com 3.500 fiscais, mas só terá a seu lado, com certeza, os 2.200 policiais de trânsito.
Pelo menos inicialmente, não vai contar com 400 funcionários da Cetesb, que entram em greve hoje, e 900 marronzinhos, funcionários da Prefeitura de São Paulo cujo poder de multar está sendo questionado na Justiça.
Conscientização
Há saídas individuais que podem comprometer a diminuição da poluição buscada pela operação. Alugar um Uno Mille, por exemplo, sai cerca de R$ 65 -valor menor que a multa do rodízio.
Também é possível usar o carro de um conhecido que não tenha o final vetado, como pretendem fazer 17% dos paulistanos, segundo o Datafolha.
Os táxis atualmente têm 50% de ociosidade, segundo as principais cooperativas da Grande São Paulo. Isso significa que, se confirmada a procura esperada, vão rodar -e poluir- mais.
Por tudo isso, depende da conscientização do paulistano, mais do que da multa prevista, o sucesso do rodízio.
(RSc)

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