São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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PF quer respostas para contradições

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal espera uma resposta conclusiva do legista Fortunato Badan Palhares sobre o estado da janela da casa na qual PC Farias foi morto.
Há uma contradição entre as primeiras fotos tiradas da janela e as que foram produzidas posteriormente, durante o inquérito.
Nas primeiras fotos, não aparecem ranhuras ou lascas que possam confirmar a versão de arrombamento, defendida pelos seguranças de PC. Fotos posteriores mostram marcas pelo menos na parte externa do batente da janela.
Segundo os seguranças, na manhã de 23 de junho eles tiveram de arrombar a janela da casa de praia do empresário. Ao entrar, encontraram os corpos de PC e Suzana.
Para arrombar a janela, teriam utilizado uma barra de ferro, semelhante a um pé-de-cabra.
Apesar do suposto arrombamento, as fotos tiradas logo depois que os corpos foram encontrados mostram a janela do quarto de PC intacta. O local onde se encaixa a trava da janela também estava com a pintura sem ranhuras.
Em algum momento das investigações, novas fotos foram tiradas da janela. Aí já aparecem marcas na parte externa do batente. A polícia não fornece as datas em que todas essas fotos foram feitas.
Existe a possibilidade de a janela ter cedido já na primeira pressão feita pelos seguranças com o pé-de-cabra. Essa hipótese é descartada pela Polícia Federal.
A não ser que a janela estivesse apenas encostada, com a tranca suspensa, seria impossível abri-la sem deixar alguma marca.
Mas, nessa hipótese de a janela estar apenas apenas encostada, não teria sido necessário um pé-de-cabra para abri-la.
Ontem, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, não quis comentar o laudo. "Não conheço o laudo nem vou examiná-lo. Isso cabe à polícia, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário de Alagoas".
Suzana
A família de Suzana Marcolino continua não admitindo a possibilidade de ela ter cometido suicídio. Os parentes assumiram a posição de que "são pequenos demais para falar" ou contestar a polícia.
A família mantém a posição de que Suzana seria incapaz de cometer os crimes: "A única justiça que minha filha está submetida, agora, é a de Deus", disse Maria José Rosembaun, mãe de Suzana.

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