São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Entre lagos e árvores

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com ou sem intervenção superior, ontem o comercial mais melodramático, mais feminino e -estranhamente- o que mais chamou atenção até o momento surgiu editado.
As cenas de Luiza Erundina entre árvores, pegando gravetos, mirando os óculos, com a imagem esmaecida, inteiramente idílica, voltaram diferentes, mais diretas, definidas.
Podem ser os corneteiros petistas em ação, como era de esperar, ou talvez o passo seguinte na estratégia de campanha.
Não importa, na verdade. Celso Loducca, o publicitário contratado para profissionalizar as campanhas petistas, certamente conseguiu ser diferente em seus primeiros comerciais.
Antes de lançar a campanha ele já dizia que o objetivo era apresentar Luiza Erundina "como ela é", em pessoa. Simpática, carismática, algo assim.
O propósito era ser diferente, personalista, até distante do PT. "Erundina, o PT que diz sim", no bordão que opõe a candidata ao radicalismo partidário de eleições passadas.
No comercial bucólico, não é certo que tenha alcançado -aliás, é certo que não alcançou-, mas a estranheza que causou deve romper de vez com a estreiteza publicitária das campanhas petistas.
Mas é uma estratégia de risco que pode virar o fio e resultar falsa, na impressão final. E não apenas nos comerciais, em que Erundina não parece ser "como ela é", mas corroendo até as propostas, quando vierem.
É o caso do programa de Saúde Integral Municipalizada, do acrônimo SIM, em contraposição ao PAS de Maluf e Celso Pitta. O programa foi anunciado no horário eleitoral, ontem.
É tão evidente a sua idealização como resposta à bandeira malufista para a saúde que ele pode virar o fio e levar, não ao apoio, mas ao riso.
(Aliás, para que não fique sem registro, a ação é idêntica à de Maluf e Pitta, quando anunciam o "bilhete único", aquele, do petista Eduardo Suplicy, que foi tão combatido pelo prefeito na última eleição.)

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