São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Depoimentos comprometem shopping

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Flávio Augusto de Souza Nogueira, responsável pelo inquérito que apura a explosão no Osasco Plaza, afirmou que o depoimento de três representantes da Ultragaz, colhidos ontem, comprometeu ainda mais a situação da administração do shopping no caso.
O acidente, ocorrido no dia 11 de junho, foi provocado por um vazamento de gás de cozinha em uma tubulação desativada e causou a morte de 42 pessoas.
A Ultragaz fornecia gás para o shopping e foi chamada duas vezes para verificar reclamações de cheiro do produto no prédio.
"A Ultragaz recomendou ao shopping que fossem feitos testes mais apurados para verificar as reclamações de cheiro de gás. Isso foi enfaticamente recomendado pelas pessoas que fizeram a fiscalização", declarou Nogueira.
Os testes eram necessários, de acordo com Nogueira, porque os técnicos disseram que não sentiram cheiro de gás quando fizeram as vistorias. A recomendação teria sido feita verbalmente.
Segundo o delegado, para a realização dos testes de pressão na rede (indicados para localização de vazamentos), seria necessário o fechamento da praça da alimentação do shopping por 24 ou 48 horas.
O shopping nega ter recebido de técnicos da Ultragaz qualquer recomendação nesse sentido.
"Os depoimentos comprometem ainda mais a administração do shopping porque se referem a testes que deveriam ter sido feitos e não foram", afirmou Nogueira.
Responsabilidade
Prestaram depoimento Edízio Rodrigues Gaia, Celso Barchi Júnior e Antonio Carlos de Souza. Eles foram convocados para esclarecer pontos como a instalação da bateria de gás e detalhar as vistorias feitas no local. Os três saíram da delegacia sem dar entrevistas.
O delegado ainda não descartou por completo algum tipo de responsabilidade da Ultragaz no episódio. "Isso ainda precisa ser melhor analisado."
José Carlos Dias, advogado da Ultragaz, nega qualquer envolvimento da empresa no caso. "A única responsabilidade da Ultragaz foi na instalação da bateria."
O delegado questiona o fato de os técnicos da Ultragaz não terem utilizado equipamentos adequados nas vistorias realizadas no shopping. Dias afirmou que esses equipamentos seriam utilizados com a realização dos testes.
Amanhã, representantes da Wysling Gomes, que construiu o shopping e parte da tubulação de gás onde houve o vazamento que provocou a explosão, prestam depoimentos.

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