São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Rodízio de carros

JOSÉ ERIVALDER GUIMARÃES DE OLIVEIRA

A diminuição dos níveis de poluição no ar de São Paulo é, sem dúvida, um problema de saúde pública que afeta e sensibiliza os profissionais do setor. Em função disso, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) não poderia jamais se posicionar contrário a uma campanha que visa minorar os efeitos da descarga de poluentes no ar da cidade.
Entretanto nossa postura é crítica e até propositiva. Estabelecida uma relação custo-benefício, quão melhor pode ficar o ar de São Paulo com esse rodízio? Ou o número de trabalhadores e empresas prejudicadas com a proposta não dão compensação ao sacrifício?
São Paulo tem um serviço de metrô de excelente qualidade, mas que consegue atender uma parcela muito pequena da população. Nos chamados horários de pico, a qualidade do serviço prestado cai, e o transporte é feito de forma tão desumana quanto nos ônibus que circulam diariamente lotados pela capital.
Investimentos na recuperação e melhoria dos transportes públicos certamente trariam benefícios mais duradouros à cidade.
A fiscalização intensiva -e consequente punição pela emissão de poluentes pelas chaminés das fábricas- também seria uma medida bastante satisfatória. Isso também poderia e deveria ocorrer em relação aos carros que, quando licenciados, não apresentassem seus motores regulados.
Talvez alguém retrucasse afirmando serem essas medidas que trariam soluções somente a longo prazo.
Pois bem, se alguém não começar, esse prazo, com certeza, ficará cada vez maior.
O Sindicato dos Médicos tem tentado, junto à Secretaria do Meio Ambiente, a liberação do rodízio. Os profissionais médicos prestam serviços essenciais. Têm de se deslocar rapidamente e muitas vezes entre regiões distantes. Não podem contar, para isso, com a eficiência do transporte público de São Paulo.
As emergências não esperam. Cirurgias e partos não combinam dia da semana com placa de carro. Por isso queremos estar fora do rodízio. Também porque achamos que essa é uma questão que precisa ser melhor debatida: desde a viabilidade até a eficácia, não deixando nunca de observar de perto os resultados alcançados.
Nosso compromisso é com a sociedade e com o melhor atendimento que pudermos prestar a ela.
O Simesp entrou, na última quinta-feira, com um mandado de segurança coletivo contra o rodízio. O mandado foi impetrado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e será analisado pelo presidente, o desembargador Yussef Said Cahali.

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