São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996 |
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Globalização e patriotismo
MAURICIO STYCER
Nos Jogos, só uma coisa une americanos, brasileiros, franceses, nigerianos e australianos: a paixão devotada à própria bandeira. Fotógrafos e cinegrafistas não vão aos Jogos sem uma bandeira de seu país -e nunca se esquecem de emprestá-la ao atleta ao fazer a foto do pódio medalha. A idéia de que as grandes redes de comunicação formam uma gigantesca teia capaz de emaranhar as mais diferentes culturas é verdadeira apenas na aparência. Em tese, com os recursos de comunicação hoje disponíveis, seria possível passar duas semanas sentado na poltrona, em São Paulo, acompanhando pela TV e pelo jornal os principais eventos olímpicos. Na prática, no Brasil, a Olimpíada de Atlanta foram os Jogos disputados por brasileiros. Nos EUA, a TV só mostrou norte-americanos, e assim por diante. Por força do apelo patriótico, os meios de comunicação de qualquer país se vêem obrigados a correr atrás dos atletas de seu país. A toda hora você vê grupos de jornalistas correndo de um lado para o outro -mas em cada grupo só há jornalistas de uma mesma nacionalidade. Um dia, vendo uma dezena de colegas portugueses correndo, perguntei o que Portugal havia ganho. "O pior é que não ganhamos nada, mas estamos sempre a correr", disse um deles. Em Atlanta, dois corredores conseguiram a façanha de vencer duas provas de velocidade em uma Olimpíada. Os jornais norte-americano estamparam a façanha de Michael Johnson, vencedor dos 200 m e dos 400 m em Atlanta. Já no "Libération", diário francês, o destaque era Marie-José Perec, francesa que venceu as versões femininas das mesmas provas em Atlanta. Texto Anterior: Adversário competitivo eleva drama nos Jogos Próximo Texto: Favoritos são superados e ficam sem ouro previsto Índice |
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