São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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HAJA CASSAÇÃO

É óbvio que a corrupção atinge em maior ou menor grau todos os países do mundo. O Brasil, infelizmente, convive com índices dessa modalidade criminosa extremamente altos.
Por aqui, são muitas as obras contratadas pelo poder público que são superfaturadas. Há mesmo casos folclóricos -não fosse este um crime de lesar o fisco- do prefeito de uma cidade de Pernambuco que usava o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para pagar a pensão da ex-mulher ou do alcaide de um município da Paraíba que, ao que tudo indica, atrasou dolosamente tanto os vencimentos pagos ao funcionalismo de forma que o último salário foi ainda oferecido em cruzeiros e não em reais.
Não deixa de ser alvissareiro, porém, o grande aumento de casos de afastamento de prefeitos por malversação do dinheiro público registrado ontem por esta Folha. Depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello e dos tantos outros escândalos que eclodiram, o patamar de tolerância do brasileiro para com a corrupção parece ter, felizmente, diminuído.
E é claro que as fraudes mais evidentes estão nos municípios, onde todos observam e comentam os atos dos governantes locais. Nesse sentido, embora o número seja assustador, é um bom sinal o fato de 20% dos prefeitos do Estado de Tocantins, por exemplo, terem sido ou estarem sendo processados e ameaçados de perder o cargo. Isso significa que a consciência cívica dos brasileiros está aumentando e, em muitos casos, já não se aceitam mais práticas que antes eram rotineiras.
É igualmente interessante a aplicação de penas alternativas, além da perda do mandato, para o caso de fraudes administrativas, como ocorreu no RS com a ex-prefeita de uma cidade que foi condenada a dar aulas de matemática por um ano.
Em que pese os números extremamente altos de casos de corrupção e a impunidade que ainda é preponderante em muitas partes do país, pode-se perceber que as coisas estão mudando. E para melhor.

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