São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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A Suécia de cada um

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - O atual grupo que ocupa o poder não chegou ainda à metade do mandato, mas já atua como se estivesse no final de governo. Tirante a empolgação pelas reformas -que serviram de biombo para a ineficiência e a negação das promessas eleitorais-, dou um doce a quem apontar um projeto relevante em execução.
Escandalizado porque o país que pretendia governar não era a Suécia, mas o Brasil, FHC tenta convencer a nação que ela precisa ser a Suécia. Só então estaria em condições de cumprir suas cinco promessas básicas. E uma Suécia, para ele, só pode ser feita por meio da reforma do Estado. Evidente que, se o Brasil chegar a ser institucionalmente uma Suécia, as promessas da campanha não precisariam ser feitas nem cumpridas.
Entre as reformas que ele pretende patrocinar para que o Brasil seja a Suécia a reeleição é prioritária e em torno dela, pensando-se bem, todo o esquema do poder gravita.
Não sou leitor habitual dos colunistas que acompanham de perto os trancos e barrancos da política federal. Com exceção de algumas semanas em que se preocuparam com a morte de PC Farias, o eixo dessas colunas gira em torno das composições. Infelizmente, não são composições ferroviárias, mas estratégicas, dentro e fora do ministério para garantir a reeleição e a permanência do grupo em Brasília.
O grande enigma da nação é se mudam-se os ministros ou não se mudam os ministros. Tal mudança nada tem a ver com a eficiência administrativa, mas com o projeto central de FHC, que é continuar no poder. As composições são feitas para saciar aquilo que o finado Jânio Quadros chamava de "apetites".
O que menos se espera dos atuais e futuros ministros é que entendam alguma coisa de suas pastas. Eles nem estão aí: estão numa Suécia inventada para melhor esquecer o Brasil.

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