São Paulo, quinta-feira, 8 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jatene perderá 70% da receita da CPMF

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai assinar uma MP (medida provisória) nesta semana para retirar recursos da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
A MP vai estabelecer que os recursos da CPMF serão utilizados, preferencialmente, para pagar dívidas antigas do SUS (Sistema Único de Saúde).
Na prática, a MP atende à reivindicação dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
A equipe econômica quer utilizar os R$ 4 bilhões da arrecadação da CPMF prevista para 97 para pagar débitos da Saúde com o SUS e com fornecedores.
O ministro Adib Jatene (Saúde) quer que o dinheiro seja aplicado integralmente na melhoria do sistema público de saúde.
A Folha apurou que o Palácio do Planalto pretende que 70% da arrecadação da CPMF -R$ 2,8 bilhões- seja destinada ao pagamento de dívidas da Saúde.
O Ministério da Saúde deve R$ 1,3 bilhão ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) referente a empréstimo contraído em 95.
Esse financiamento teria de ser pago pelo ministério até dezembro de 96.
A MP que será editada por FHC adia o prazo para dezembro do próximo ano, já fixando que a CPMF será fonte para pagar os credores da saúde.
A Folha apurou que também existem débitos de R$ 400 milhões da Ceme (Central de Medicamentos) e Fundação Nacional de Saneamento.
O ministro Adib Jatene reivindica R$ 2,8 bilhões do Tesouro a fundo perdido para colocar as contas do ministério em dia.
O governo dispõe desses recursos por intermédio do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal). Mas a Fazenda e o Planejamento querem usar a verba para cobrir déficit de quase R$ 3 bilhões na Previdência.
Auditoria
O presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Sarney Filho (PFL-MA), conseguiu aprovar ontem pedido de auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) no Ministério do Planejamento para investigar a liberação de verbas que beneficiariam parlamentares.
Para que a auditoria seja efetivamente realizada, é preciso que o plenário do TCU aprove a solicitação da comissão. O governo tentará articular junto aos ministros do TCU para que a auditoria no Planejamento não seja realizada.
Em depoimento no fim de julho, o ministro da pasta, Antonio Kandir, não conseguiu convencer os parlamentares da Comissão Mista de Orçamento de que não houve favorecimento à base governista na distribuição de verbas para saneamento e habitação.

Texto Anterior: Justiça Eleitoral multa Maluf e Pitta
Próximo Texto: Advogado desmente autorização a MST
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.