São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Quatro são mortos a tiros em Mauá

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Quatro homens foram mortos a tiros anteontem à noite quando jantavam em um barraco no Jardim Oratório, periferia de Mauá (Grande São Paulo).
A polícia da cidade acredita que o crime, ocorrido por volta das 21h30, esteja relacionado a dívidas com traficantes de droga.
Foi a terceira chacina na região do ABCD em 15 dias.
Mortes
No final de julho, três pessoas de uma mesma família foram assassinadas em São Bernardo.
No último dia 1º de agosto, outra chacina deixou dois mortos e quatro feridos em um bar localizado em Diadema.
Ontem à tarde, a polícia deteve Adriano dos Santos e Edson Antônio Francisco (conhecido como "Zaca"), suspeitos de serem os mandantes da chacina.
"Os dois lideram o tráfico na região do Jardim Oratório e já foram acusados de dois assassinatos", afirmou Roberto Borges dos Santos, delegado-titular de Mauá, que comanda as investigações da chacina.
Apesar de já terem sido acusados, os dois nunca foram condenados, de acordo com as informações da polícia.
Segundo o delegado Santos, os suspeitos negam ser os mandantes do crime.
Falta de pista
Até a tarde de ontem a polícia não tinha pistas sobre os autores da chacina, que seriam dois, de acordo com relato feito por testemunhas.
Os quatro mortos eram moradores do Jardim Oratório. José Geovani Félix, 21, Júlio César Teixeira Xavier, 19, William Henrique da Silva, 20, e Lucas Batista de Moraes, 20, foram atingidos no peito, costas e cabeça.
Eles foram levados ao IML (Instituto Médico Legal) da cidade e enterrados ontem no cemitério municipal.
Saraivada de tiros
"Foi uma saraivada de balas. Eles não tiveram nem tempo de levantar da mesa onde comiam. Um deles (Júlio) morreu com comida na boca", disse o investigador Eduardo Baceli, da delegacia-sede de Mauá.
O barraco onde ocorreu a chacina era de Lucas Batista Moraes, que já tinha registro na polícia acusado de porte de cocaína.
Ao lado dos corpos, foi encontrado um caderno onde estava registrada uma dívida de R$ 820,00, supostamente aos fornecedores da droga.
"É quase certo que o Lucas foi morto porque devia aos traficantes. Os outros morreram de graça, como queima de arquivo", disse o investigador.
A maior dificuldade da polícia é encontrar testemunhas que queiram depor no inquérito.
"Vizinhos do barraco conversaram conosco, mas se recusam a assumir formalmente qualquer declaração. Naquela região, existe uma lei do silêncio muito forte", afirmou Baceli.

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