São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Tiririca faz show em meio a polêmica

MARISA ADÁN GIL

DA REPORTAGEM LOCAL

O músico se apresenta hoje no Palladium, em São Paulo, mas não deve cantar "Veja os Cabelos Dela"

A polêmica chega a São Paulo. A estréia de Tiririca na casa de espetáculos Palladium, em São Paulo, hoje, às 18h30, esquenta a discussão sobre a proibição da música "Veja os Cabelos Dela" e a possível volta da censura.
Tiririca não canta mais a música em seus shows. Cumpre ordem da Justiça carioca, que também determinou o recolhimento dos discos do cantor e a proibição das emissões radiofônicas e televisivas da canção.
Ao lado do diretor-presidente da Sony Music, Roberto Augusto, e do diretor de marketing, Luiz André Calainho, Tiririca foi ainda denunciado por prática do crime de racismo e convocado para interrogatório no dia 12 de setembro (leia mais sobre o caso nesta página).
O motivo para tanto barulho é uma letra que fala em uma "nega" que "fede mais que um gambá" e que tem um cabelo que "parece bombril de ariar panela" (leia íntegra da letra abaixo).
Prisão
Tiririca deve sua existência na mídia aos versos mais grudentos dos últimos tempos: "Florentina/Florentina/Florentina de Jesus/não sei se tu me amas/pra que tu me seduz".
Ironicamente, a letra cantada em primeira pessoa fala de alguém que é preso por cantar sua música.
"Florentina", que faz rir pela repetição alucinante, é a responsável pelo sucesso do disco "Tiririca", que vendeu mais de 300 mil cópias desde maio.
Depois disso, o cantor emplacou mais uma: "Sou Chifrudo". O show, intitulado "Rir Pra Não Chorar", já percorreu 40 cidades.
Até o dia 19 de julho -quando uma representação da ONG carioca Ceap (Centro de Articulação das Populações Marginalizadas) detonou o caso-, Tiririca era o maior candidato à vaga deixada pelos Mamonas Assassinas.
Até o início deste ano, o palhaço Tiririca, 31, natural de Itapiroca (CE), ganhava a vida em palcos mambembes de Fortaleza.
A origem humilde já foi citada em sua defesa. Nota divulgada pela assessoria do cantor no dia 24 de julho dizia, em determinado trecho: "Esse artista humilde e popular de cor parda, mãe negra e família sofrida do nordeste brasileiro -assim como milhões de nordestinos que padecem toda sorte de privação- jamais teve qualquer intenção de ofender alguém".
Desde então, Tiririca tem evitado entrevistas e declarações. Uma entrevista coletiva marcada para ontem foi cancelada -atendendo a orientação jurídica, segundo a assessoria da Sony.
Show: "Rir pra Não Chorar", Tiririca
Onde: Palladium (shopping Eldorado, piso Lazer, av. Rebouças, 3.970, tels. 011/813-8339 e 813-9045)
Quando: hoje, 18h30; sáb, 16h e 19h; dom, 15h e 18h
Quanto: R$ 25 a R$ 30

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