São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Questão de vontade

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Toda vez que se faz pesquisa de opinião aqui no Rio e se pergunta qual o principal problema da cidade a resposta é sempre a mesma: a violência.
A falta de segurança é apontada como o problema maior mesmo quando o que está em avaliação é a performance da prefeitura.
Em tese, o prefeito não tem nada a ver com o combate à violência.
Afinal, prover a segurança pública é função do Estado. É da alçada do governador, que comanda as polícias Civil e Militar, garantir a tranquilidade do cidadão.
Os candidatos a prefeito sabem muito bem disso, e apontam sempre para a mesma direção quando questionados sobre as medidas que adotarão para enfrentar "o" problema da cidade. No máximo dizem que vão ajudar o Estado nessa missão inglória, cobrando resultados.
O ponto nevrálgico da questão é que o Estado, pelos meios tradicionais, tem-se mostrado incapaz de controlar a violência na cidade do Rio. Principalmente porque ela é engendrada e está aquartelada em favelas da cidade.
Essas favelas, dominadas por traficantes fortemente armados, são ocupadas majoritariamente por uma população que em geral está excluída do processo urbano.
Seus cidadãos vivem à margem: sem posto de saúde, sem assistentes sociais, sem saneamento básico, sem creches, sem luz, sem água. E, claro, sem segurança.
Além disso, o vazio originado pela ausência do poder público -ou seja, da prefeitura- está muito bem ocupado pelos marginais, que dominam, mandam e desmandam.
Por isso, é no mínimo um engano o postulante ao cargo de prefeito atribuir unicamente ao governo estadual a responsabilidade pela segurança da cidade que ele quer dirigir.
Há, sim, muito o que fazer nesse sentido a partir da cadeira do prefeito. Basta querer.

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