São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Ministro do STF é a favor do rodízio

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O rodízio de carros em São Paulo ganhou um aliado no STF (Supremo Tribunal Federal).
O ministro Marco Aurélio de Mello não vê outra saída para reduzir a poluição e o trânsito na cidade.
"Eu vejo o rodízio com bons olhos. Penso que é a única forma de se racionalizar (o trânsito e a poluição), considerando o grande número de carros", disse ele à Folha.
Ministro do STF e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio contesta argumentos contrários -como o cerceamento do direito constitucional de ir e vir e o impedimento do uso de bem privado.
Interesse coletivo
"O interesse coletivo se sobrepõe ao interesse individual. Se para preservar a saúde do todo é importante fazer o rodízio, que se faça."
Segundo ele, o Estado tem o "poder de polícia" para preservar o bem-estar da população.
Marco Aurélio de Mello disse que o direito de ir e vir estaria cerceado se as pessoas estivessem impedidas de se deslocar em um determinado dia da semana. "O rodízio é em relação aos veículos".
O ministro do STF considerou "salutar" o estímulo à utilização dos carros por mais de uma pessoa. "Quantas vezes vemos na hora do rush, em São Paulo, vários carros com só uma pessoa?"
Para ele, o rodízio poderia ser espontâneo se o brasileiro fosse mais disciplinado. "O brasileiro é muito indisciplinado quanto a horário".
O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu, na última quarta-feira, liminar que isenta os médicos de cumprir o rodízio.
No mesmo dia, o TJ negou recurso do Estado contra liminar que beneficia dois advogados. Em outros casos, a Justiça está negando pedidos de exclusão do rodízio.
Cigarros
O ministro Marco Aurélio de Mello também defendeu a proibição de fumar em locais públicos e fechados pelo mesmo motivo do rodízio: o bem-estar público.
Lei sancionada recentemente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso estabeleceu essa proibição, mas não previu punições para o fumante.
Ele defendeu a necessidade da multa. "Sem a multa, a norma não teria uma força maior. Tem que haver a coerção", disse.
"Se já estivéssemos num estágio cultural mais elevado, cada qual observaria a lei. Mas só se observa quando se tem em jogo algo que possa ser perdido. Por isso, a multa é necessária."

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