São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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O fascínio de Covas

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governador de São Paulo, Mário Covas, exerce um estranho fascínio sobre o governo federal e sobre a Justiça deste país.
Covas já deu várias bananas para o governo federal. Esnoba a equipe econômica no caso Banespa.
O governo paulista deve quase R$ 19 bilhões para o Banespa. A União se dispôs a financiar a metade. O banco continuaria sob o controle de Covas.
Tem mais. Se o governador bandeirante aceitasse privatizar esse monumento à má gestão pública, FHC financiaria 100% da dívida.
Ainda assim, Covas não dá sinal de vida. Basicamente, o governador age como se o problema não fosse dele, mas sim da União.
FHC não faz nada a respeito. Submete-se aos desejos e humores de Covas. É um mistério.
Além do Banespa, outro exemplo do fascínio exercido por Covas está no âmbito da Justiça. Curiosamente, o STF (Supremo Tribunal Federal) parece estar sem pressa para julgar os 223 pedidos de intervenção federal em São Paulo.
O governo paulista deve cerca de R$ 5 bilhões para credores diversos. A Justiça de São Paulo mandou pagar. Covas contesta o valor das dívidas. Os 223 processos foram parar no STF.
Em 15 de março a Procuradoria Geral da República emitiu o primeiro parecer a respeito desses 223 casos. Com a assinatura de Geraldo Brindeiro, procurador-geral, o documento é claro na sua conclusão: "O parecer é (...) de que o pedido de intervenção federal comporta deferimento".
Mesmo assim, o Supremo continuou e continua mudo sobre Covas.
Enquanto isso, outras decisões são tomadas. Ontem, por exemplo, o STF ordenou a retenção de verbas do governo de Alagoas. Finalidade: garantir o pagamento de salários atrasados do Poder Judiciário alagoano.
Para um governador que não consegue eleger seu candidato na capital do Estado, Covas se revela um grande articulador em nível federal.
É um mistério que talvez FHC e o STF possam explicar.

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