São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996 |
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Oficiais se dizem contrários à proposta
WILLIAM FRANÇA
Segundo a Folha apurou junto a militares, "seria como reabrir feridas" que foram curadas pela Lei da Anistia, de agosto de 79. Um general disse que considera até mesmo impatriótico o fato de o deputado tentar essa indenização por meio de uma lei, já que os familiares de militares mortos já recebem pensão mensalmente. Outro militar acha que, caso aprovado o projeto de Bolsonaro, a questão de reparações de vítimas do período militar vai gerar um processo sem fim. Isso porque, além da indenização aos militares e civis mortos, há a idéia de reparar torturados, como propôs o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Miguel Reale Júnior -conforme adiantou à Folha em entrevista publicada no último dia 4. Os militares lembram que há até pressão do governo argentino para que a lei de indenizações seja modificada para atender a três famílias daquele país. Elas teriam desaparecido depois do período de abrangência da lei (1961-1979). Quanto aos civis que foram mortos, a recomendação das Forças Armadas é que as famílias busquem indenização recorrendo à Justiça -se ainda não o fizeram. Para os militares ouvidos pela Folha, foi positivo o adiamento da decisão sobre o pagamento de indenização à família de Carlos Lamarca -considerado "desertor e traidor da pátria" pelas Forças Armadas e pelo governo. O adiamento, até setembro, serviu para acalmar os quartéis, tradicionalmente tensos por conta do sucateamento do equipamento e dos baixos salários. Os militares acham que só uma decisão política pode resultar no pagamento de indenização à família de Lamarca. Avaliam que é tecnicamente forçada a tese de que ele foi morto sob dependência policial assemelhada. Apontam também o fato de a viúva dele, Maria, receber pensão do Exército desde 84 (hoje cerca de R$ 2.000 mensais). (WF) Texto Anterior: Projeto prevê indenização a militares Próximo Texto: Escolas adotam livros com histórias do período militar Índice |
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