São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desenhos revelam como alunos vêem professor

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As crianças de escolas tradicionais tendem a ter uma visão também tradicional do professor. As de escolas construtivistas -com um ensino mais aberto- vêem o professor de maneira mais crítica. Alunos de escolas públicas demonstram dificuldade até em desenhar seu professor.
Essas são algumas das conclusões que a psicóloga Wanderli da Costa Fonseca, 29, tirou dos desenhos de 293 estudantes de 1ª à 4ª série do 1º grau, dos três tipos de escolas -uma religiosa, uma construtivista e uma estadual.
Cada criança fez três desenhos: um homem, uma mulher e o professor. O conjunto dos desenhos foi analisado por quatro parâmetros: tipo de escola, sexo da criança, série em que estuda e desempenho escolar (bom, médio ou insatisfatório, segundo o professor).
Sexo
Primeira constatação: se se pede à criança que ela desenhe uma pessoa, 87% das meninas desenham uma figura feminina e 88% dos meninos, uma masculina.
O dado se inverte na hora que se pede para desenhar o professor: 92% das meninas desenham uma professora e só 36% dos meninos fazem um professor.
"Isso mostra que há poucos professores do sexo masculino", diz Wanderli. "Há turmas que nunca tiveram um professor homem."
Em sua tese de mestrado (leia Sumário), ela defende que as escolas devem equilibrar melhor por sexo o seu corpo docente.
Crianças mais novas fazem desenhos mais afetivos de seus professores. "Muitos têm coraçãozinhos." Essa afetividade diminui nos desenhos das mais velhas.
Estudantes com desempenho fraco na escola fazem desenhos que revelam mais agressividade ou crítica em relação ao professor.
Interpretação
Para interpretar os desenhos, Wanderli adaptou uma escala chamada Klepsch -nome do psicólogo norte-americano que criou esse método de análise, em 1979.
É um teste que dá pontos em 13 itens diferentes. A pontuação final do aluno permite que se trace uma espécie de perfil psicológico.
Os braços, abertos ou fechados, apontam para os relacionamentos. O equilíbrio do desenho, a sua centralização e mesmo a proporção da cabeça e do corpo da figura permitem interpretações sobre o equilíbrio da própria criança.
O cabelo se relaciona, segundo Wanderli, com a sexualidade. O sombreamento excessivo do desenho ou a existência de rasuras, pode indicar ansiedade, conflito ou até desejo de perfeição.
(FR)

Texto Anterior: Fascículos mostram Brasil
Próximo Texto: O MST e a educação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.