São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Terror é vetado em Brasília

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A TV Bandeirantes em Brasília está proibida, pela Justiça, de mostrar uma sessão de filmes de terror à tarde. O "Cine Trash", apresentado pelo ator José Mojica Marins, o Zé do Caixão, era, segundo a emissora, o programa de maior audiência na cidade durante o dia.
O caso único de censura à TV no país foi deflagrado com base em pedido do promotor José Valdenor Queiroz Júnior, 39, de Defesa da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Ele entrou com o pedido de suspensão no dia 6 de março, alegando que os filmes exibidos são inadequados para o horário e ferem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Pelo Estatuto da Criança, esses 20 filmes nem sequer deveriam ter sido programados. "Não quis censurar nada, de forma alguma. Mas as emissoras deviam seguir o que está previsto na legislação", disse à Folha o promotor.
O "Cine Trash" foi suspenso pela juíza Marília de Ávila e Silva Sampaio, da Vara da Infância e da Juventude. Uma liminar requerida pela Bandeirantes foi negada e o processo aguarda o julgamento do mérito.
Beirando a censura
Para a diretora do DCI, Margrit Schmidt, a falta de uma efetiva auto-regulamentação das emissoras leva a decisões desse tipo.
"Fica tudo sempre no limite. Como não há cumprimento de acordos prévios, um juiz acaba arbitrando, ficando próximo à censura", afirmou.
A diretora da Bandeirantes em Brasília, Antonieta Goulart, disse à Folha que o objetivo da sessão não é a de afrontar a legislação. "Em todo o mundo agora é 'cult' assistir filmes de terror malfeitos como sendo comédia. É essa a proposta do programa", afirmou.
Segundo Antonieta, os filmes considerados mais violentos ou obscenos, e que eram exibidos nessa sessão, ganharam um novo horário (22h de sexta-feira) e continuam sendo recorde de audiência dentro da programação da emissora.

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