São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Jornalista lança livro inspirado em obra de Lima Barreto

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma guerra social latente e os subterrâneos do jornalismo se misturam em "Rio Bandido" (Mauad, 257 págs., R$ 22), romance de Roni Lima, repórter da sucursal do Rio da Folha, que será lançado no Museu da República hoje, às 19h.
"Adoro ser jornalista, mas tinha de exorcizar as coisas ruins que vi na profissão", disse o autor.
O protagonista da história é Affonso Barreto, jornalista de origem pobre, nascido no subúrbio de Ramos, e que, pouco a pouco, se desilude com a profissão.
As injustiças do jornalismo e os preconceitos dos meios de comunicação contra a zona norte e os mais pobres apressam seu descontentamento.
Em sua caminhada rumo ao abismo, Barreto perde a namorada, uma repórter da área econômica que torna-se amante do chefe. "O uso do sexo para subir é uma prática em toda a sociedade. A maioria das colegas não faz isso, mas tem umas aí...', diz o autor.
O nome do personagem principal de "Rio Bandido' é uma homenagem a Lima Barreto (Affonso Henriques de Lima Barreto), jornalista e escritor que viveu no início do século, autor de "Recordações do Escrivão Isaías Caminha".
No livro, Lima Barreto retratou, com nomes trocados, o "'Correio da Manhã", seu dono, Edmundo Bittencourt, e outros jornalistas da casa. Por causa disso, até o seu fim, em 1974, o "Correio" nunca mais publicou qualquer referência ao escritor -um mestiço de origem pobre, que morreu num hospício.
Foi ao ler as "Recordações" que Lima teve a idéia de escrever "Rio Bandido".
Roni Lima tem 38 anos e é jornalista há 16. Além da Folha, onde está há cinco anos, foi repórter do "Jornal do Brasil".

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