São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Dietrich traz drama dos extremos

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O bailarino e coreógrafo Urs Dietrich, 37, representa a geração pós-Pina Bausch.
Parceiro de Susanne Linke, que ao lado de Bausch integra o rol de personalidades da dança expressionista alemã, Dietrich apresenta o espetáculo solo "Da War Pltzlich" (De repente...Ventrículos), dias 24 e 25 de agosto, no teatro Dina Sfat, dentro do 6º Festival Internacional de Artes Cênicas.
A seguir, trechos de sua entrevista à Folha:
Folha - Qual o tema de "De repente... Ventrículos"?
Urs Dietrich - A peça mostra momentos associativos e imagens fragmentadas de uma vida. Tudo se passa em flashback, enfocando situações extremas, como acidentes, choques, medos...
Folha - Dançando sozinho, como você se relaciona com os elementos cênicos, inclusive a música?
Urs Dietrich - Para mim, todos os elementos cênicos são importantes, seja o conteúdo da peça, a forma, a dinâmica da energia, o espaço com seus requisitos, a música e a iluminação. Procuro me integrar a tudo.
O que é música? Silêncio ou ruídos, se inseridos no momento certo, de forma consciente, são para mim o mesmo que música gerada a partir de uma partitura.
Folha - Já se afirmou que sua dança persegue a redução, como a imobilidade no movimento.
Urs Dietrich - Há quem considere meus trabalhos reduzidos e até pobres. Na verdade, eu busco simplesmente o máximo de clareza do conteúdo e sua transposição para o palco.
Folha - Sua dança já foi considerada surreal. Você concorda?
Urs Dietrich - O que significa surreal? A mim interessa diluir e modificar elementos normais e estabelecidos da dança, como peso, gravidade, energias, velocidades.
Folha - Como você definiria a geração pós-Pina Bausch, à qual você pertence?
Urs Dietrich - Herdamos uma grande liberdade criativa. Não estamos comprometidos com nenhum estilo ou direção. Tudo é possível no palco.
Folha - Você começou a dançar aos 22 anos. O que você fazia antes e porque você resolveu se dedicar à dança?
Urs Dietrich - Depois dos estudos escolares aprendi design têxtil. Em pouco tempo percebi que esta não era minha verdadeira vocação. Na mesma época eu praticava ioga, em busca de um sentido mais profundo para minha vida. Pela ioga cheguei à consciência do corpo e, através disso, à dança.
Folha - Qual o papel de Susanne Linke em seu trabalho?
Urs Dietrich - Susanne e eu nos conhecemos na Escola Superior Folkwang, em Essen. Naquela época, Susanne era a diretora da escola e eu tive a sorte de trabalhar com ela já no meu primeiro ano. Este trabalho conjunto continua até hoje, apesar de cada um de nós criar suas peças de forma independente. Somos conselheiros um do outro na fase final.

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