São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Mercosul Cultural traz argentino

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma estrela internacional do balé, o argentino Maximiliano Guerra, dançará em São Paulo pela primeira vez no dia 1º de setembro, no Municipal, em espetáculo que integra a programação do evento Mercosul Cultural.
Com ingressos gratuitos, o espetáculo também incluirá duas coreografias curtas ("La Valse" e "Pavane", de Luis Arrieta) dançadas pelo Balé da Cidade de São Paulo, além de duetos com vários bailarinos, entre eles Ana Botafogo e Marcelo Misailidis.
Guerra dançará com Cecilia Kersche, brasileira que é mais popular na Europa do que no Brasil.
"Grand Pas Classique" e "Diana e Acteon" são os pas-de-deux que Guerra e Kersche vão interpretar. "Gosto de dançar com Cecilia, que é uma das melhores bailarinas da atualidade".
Atualmente Guerra vive em Milão, Itália, onde é bailarino convidado permanente do Teatro alla Scala. "Sou um free-lance, o que me agrada muito, pois assim posso atender os convites para dançar diferentes coreografias em diversas partes do mundo, seja Japão, Rússia, Estados Unidos, Buenos Aires ou Brasil. Se estivesse ligado a uma companhia me sentiria limitado."
Formado pela escola de dança do Teatro Colón de Buenos Aires, Guerra deixou a Argentina há oito anos. Viveu quatro em Londres e, em 1991, mudou-se para a Alemanha, quando foi contratado para atuar como primeiro-bailarino do Ballet da Ópera de Berlim.
Casado com uma ex-bailarina do Colón, é pai de Micaela, de dois anos e meio.
"Não tenho dificuldades em conjugar casamento e vida artística. De meu meio familiar retiro vivências humanas que são úteis à minha arte. Me sentiria muito só se não fosse minha família."
Filho de um pianista e professor de canto, Guerra afirma que começou a estudar dança por acaso. "Acompanhava minha irmã à escola de balé. Eu jogava futebol, era muito ativo, gostava de atividades físicas, de trabalhar com o corpo. Em casa, convivia com a música e a idéia de unir as duas coisas, ou seja, música e dança, me encantou."
Sempre estimulado pela família, Guerra conquistou, aos 21 anos, medalha de ouro na Competição Internacional de Varna, Bulgária, considerado o concurso mais exigente do mundo.
Daí em diante, não foi difícil se transformar em estrela internacional. Além de já ter se apresentado com grandes companhias, como o Kirov de São Petersburgo, também dançou com bailarinas como Maia Plissetskaya e Eva Evdokimova.
"Talvez pelo fato de haver uma tradição em balé, um rapaz não enfrenta muitos preconceitos na Argentina quando decide se tornar bailarino."
Entre os personagens do repertório clássico, Guerra se identifica especialmente com Spartacus. "Me agrada interpretar sua luta pela liberdade, sua ira contra a escravatura, talvez porque eu tenha uma filha e quero um mundo melhor para ela."
(AFP)

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