São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996 |
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FRAUDES ELEITORAIS Em que pese o grande avanço que a eleição informatizada nas cidades de maior porte representa para o país, parece bastante inoportuna a decisão da Câmara (ainda pendente de ratificação pelo Senado) de permitir que as pessoas possam votar este ano apenas com o título de eleitor, um documento sem fotografia. As fraudes eleitorais são ainda, infelizmente, uma constante neste país. Basta lembrar que as últimas eleições para deputados federais no Rio de Janeiro, uma das mais importantes unidades federativas do país, tiveram de ser anuladas devido ao altíssimo número de irregularidades constatadas. É evidente que não é a exigência do uso da carteira de identidade, um documento com fotografia, que vai impedir que ocorram fraudes nas próximas eleições; ainda assim, é óbvio que é mais difícil falsificar dois documentos do que apenas um, sobretudo quando um deles, o título eleitoral, registra só o nome do cidadão, sem nenhuma prova de que o nome corresponda à pessoa. As razões alegadas para a liberação até fazem sentido. Muitas pessoas não têm cédula de identidade, dinheiro para adquiri-la ou mesmo tempo hábil. São razões justas não fosse este um país onde muitos caciques políticos não hesitam em usar de todos os meios -incluindo até mesmo a fraude- para se eleger. É até mesmo o caso de se perguntar por que é que dispensaram a foto do atual modelo de título eleitoral, sendo que ela constava do modelo anterior, ainda que de um modo precário e facilmente adulterável. O voto eletrônico vai certamente diminuir a margem às falsificações nas grandes cidades. O estranho é constatar que, ao mesmo tempo em que se dá um passo para aprimorar a democracia brasileira, abrem-se buracos para que o festival de deturpações da vontade popular tenham infeliz continuidade. Infelizmente, a democracia custa caro, mas é um preço que realmente vale a pena pagar. Texto Anterior: A CPI DOS BANCOS Próximo Texto: Alô, alô, marciano Índice |
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