São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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'Escultura habitável' desafia leis de construção e alvenaria

Arquiteto se diz alfaiate de centopéias

XAVIER BARTABURU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em Punta Balena, a poucos quilômetros de Punta del Este, fica a Casapueblo. Sua entrada tem apenas um muro baixo e ondulado, mas, de frente, a enorme construção parece uma cidade perdida.
Com nove andares, a Casapueblo tem hotel, salas para eventos, auditório e ateliês.
O criador dessa obra é o artista plástico uruguaio Carlos Páez Vilaró, que mora ali. Ele está construindo o edifício há mais de 30 anos, sem respeitar nenhuma regra de arquitetura.
"A Casapueblo é minha escultura habitável", explica. "Eu me imagino como um alfaiate que faz uma roupa para uma centopéia: primeiro faz uma manga, depois outra e outra."
O labirinto tem entradas e saídas que quase sempre levam à maravilhosa paisagem do rio da Prata. "A obra nasceu como um trevo entre duas pedras", conta o artista, que fez a casa sem planejá-la. "Colocava ferros retorcidos à medida que o prédio crescia, obedecendo a imaginação e o meu estado de ânimo."
Vilaró também tem obras espalhadas por vários países, como os murais da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), em São Paulo, onde morou na década de 70.
"Tenho grandes lembranças de São Paulo. Quando estava lá, cheguei a instalar uma pequena danceteria no meu ateliê só para pintar garotas dançando. As paulistanas foram as meninas mais deslumbrantes que passaram pela minha paleta."
(XB)

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