São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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HOMENS E LIVROS

Para Monteiro Lobato, um país se faz com livros e homens. O Brasil certamente tem homens e livros, mas ao que tudo indica não tem quem os leiam. Pesquisa Datafolha realizada em 9 de julho último revela que a maioria dos jovens brasileiros (entre 16 e 20 anos) não leu nenhum livro nos últimos 12 meses, nem mesmo para a escola.
De acordo com a pesquisa, 50% dos jovens não leram nada para lazer ou simplesmente para aumentar a sua cultura. Pior ainda, 46% não leram uma única obra exigida para a escola ou para o vestibular.
São números assustadores, quando se considera que, cada vez mais, a qualificação profissional depende de manter-se atualizado em sua área, o que, necessariamente, exige a leitura de obras específicas.
Quando se considera que um livro de cerca de 80 páginas pode ser lido sem maiores esforços num único dia, a dimensão do problema ganha novas proporções. Em tese, seria possível ler cerca de 300 livros por ano, mas os jovens que leram mais de dez obras no ano não passam de 13% dos entrevistados.
As principais razões alegadas para os baixos índices de leitura são a falta de tempo (78%) e a preguiça ou o cansaço (19%).
Excetuados os 19% mais honestos -Hypocrite lecteur, mon semblable, mon frère-, a razão para esses índices tão baixos parece encontrar-se simplesmente na preguiça. Apenas 6% apontaram os altos preços dos livros brasileiros como a causa para não estarem lendo.
O que é certo, contudo, é que uma geração que menospreza a cultura ou mesmo a atualização em seu campo profissional está condenada ao fracasso num mundo cada vez mais competitivo e que exige cada vez mais dos profissionais.
É preciso corrigir Monteiro Lobato. Um país se faz com homens, livros e, principalmente, com pessoas que os leiam.

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