São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996 |
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Gênero fascina estilistas
ALVARO MACHADO
Na produção jovem -seja na Califórnia, em Nova York, na Europa ou no circuito Rio-SP-BH-, a arte sacra tradicional e seu subproduto direto, a "santeria" kitsch do culto popular católico, têm sido largamente incorporadas. Sem qualquer espécie de tratamento, essa mercadoria recheia lojas. Em lugar de auxiliar oração, as imagens de santos transformam-se em colares e acessórios de moda. Na Europa, os fotógrafos franceses Pierre e Gilles vendem aos milhares, em livros e calendários, santos e santas luxuosamente vestidos, maquiados e martirizados. Nas artes plásticas brasileiras a tendência pode se revestir de aura naif, como na desconcertante série de Carlito Contini (1991). Ou ganhar status de temática central em artistas como Leonilson e Romero Andrade Lima. Porém, com mais frequência, os jovens artistas do sul do país exacerbam, à la Jean Genet, a carga erótica das imagens (ligando-as a auto-retratos e fotos pornô, por exemplo). A lista inclui Dora Longo Bahia, Alex Cerveny, Sérgio Romagnolo, João Modé, Valdirlei Dias Nunes e outros. No bazar itinerante "Mercado Mundo Mix" tornou-se famoso o bar "Beijo de Judas", decorado com santinhos por Eli Sudbrack (artista que integra o projeto Antarctica Artes com a Folha). Na moda nacional é muito lembrada uma série de T-shirts da Fórum com anjos e santos. Na última edição do Phytoervas Fashion, imagens da Aparecida, Sagrado Coração e outras fizeram o sucesso da coleção praia do estilista Jum Nakao, 29. Seu shorts de banho estampavam os santos na parte da frente. O ponto de partida do estilista: "fiquei imaginando essas imagens servindo de cenário para atos sexuais praticados por motoristas de caminhões machões nas boléias dos veículos". (AM) Texto Anterior: Livro reúne imagens sacras brasileiras Próximo Texto: Tá mais fácil matar que furar o rodízio! Índice |
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