São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Motta deve ser demitido, diz Maluf

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), disse ontem que o ministro Sérgio Motta, das Comunicações, deve ser demitido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso caso sejam comprovadas as acusações de favorecimento à Igreja Universal em troca de apoio eleitoral ao candidato do PSDB à prefeitura paulistana, José Serra.
"Acho que ele (FHC) não vai deixar de demitir esse ministro se for comprovado que ele é o grande corruptor de apoios político-eleitorais com dinheiro do governo", disse Maluf, em entrevista à rádio Gaúcha, de Porto Alegre (RS).
A assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações informou que Motta não quis responder aos ataques de Maluf.
Dizendo se basear em notícias de "todos" os jornais, o prefeito declarou que, após o acordo com a Universal, o governo jogou "na lata do lixo" uma inspeção da Receita Federal contra a Igreja e sua TV, a Record.
Maluf disse ainda que Motta "fez promessa de abafar" um inquérito aberto pela Polícia Federal contra a instituição religiosa.
O mesmo aconteceu, conforme Maluf, em relação a um inquérito do Banco Central sobre lavagem de dinheiro pela Igreja.
Ofensiva
Depois que o PSDB iniciou uma ofensiva política junto à igreja, ela já declarou seu apoio oficial a Serra. O candidato malufista à prefeitura, Celso Pitta, tinha participado de vários eventos da Igreja Universal desde o início da campanha.
"Se o Serjão, que é um grande trapalhão, quis ajudar o Serra, acabou de enterrar", disse Maluf. "Um governo que, em vez de cobrar Imposto de Renda, faz acordo com as pessoas que não pagam por apoio político, é uma vergonha."
O prefeito chamou de "golpe" a proposta de reeleição para o presidente Fernando Henrique Cardoso. Maluf disse concordar com a reeleição para os próximos detentores de cargos eletivos, "aqueles que forem eleitos de acordo com o preceito da reeleição".
Segundo Maluf, "praticar a reeleição para favorecer um homem só é golpe". Perguntado se, terminado o mandato de prefeito, dedicará seu tempo a combater a reeleição, o prefeito disse que irá "trabalhar em favor do país, para acabar com o desemprego".
Maluf criticou os banqueiros e o governo. "Os banqueiros roubaram, assaltaram seus próprios bancos. Não foram bandidos que foram na porta da tesouraria da agência para roubar. Foram os próprios diretores que fraudaram seus balanços. Pode o governo compactuar com um assalto desses, dando dinheiro?", perguntou.

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