São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Ianomâmis se armam e fazem guerra

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os ianomâmis estão se armando. A informação foi divulgada pela organização não-governamental Comissão Pró-Yanomami e confirmada pela Fundação Nacional do Índio.
A principal consequência de os índios se armarem é o aumento das guerras tribais e das mortes de índios. Segundo a Funai, quem fornece as armas e munições para os índios são os garimpeiros.
"Os índios bebem, brigam e se matam", diz o administrador da Funai em Boa Vista, Manoel Reginaldo Tavares.
Para José Altino Machado, líder dos garimpeiros, quem armou os índios foi a Funai, em 90, com armas apreendidas dos garimpeiros.
Garimpeiros
A Funai estima que cerca de 3.000 garimpeiros estejam na reserva. Para Machado os garimpeiros são cerca de 600.
As operações de retirada de garimpeiros da reserva ianomâmi estão suspensas desde fevereiro por falta de verbas.
Vivem na área 9.386 índios divididos em 188 comunidades, segundo a Funai. De acordo com Tavares, a Funai de Boa Vista deve cerca de R$ 1 milhão para comerciantes locais.
A Funai contabiliza muitos casos de violência entre os índios. Em fevereiro a menina Uterima Taroma-teri ficou paraplégica devido a uma "bala perdida".
Os índios da maloca birisi-tembe entraram em guerra contra os palimasi em maio. Uma mulher palimasi ficou ferida e um ianomâmi de birisi-tembe foi morto.
O chefe da aldeia Homoxi, Leandro Homoxi, morto em julho, foi o quarto de sua aldeia assassinado em dois meses.
Além dos problemas com armas, os ianomâmis também enfrentam problemas de saúde. Segundo Tavares, já foram registrados mais de 1.700 casos de malária este ano.

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