São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preso suspeito de pôr fogo em advogado

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia prendeu anteontem um acusado de roubar, torturar e atear fogo no advogado Hélio Falchi, 73. Um adolescente que teria participado do crime também foi detido.
O crime aconteceu em 2 de agosto passado, na rua Laerte Assunção, Jardim Paulistano (zona norte). O adolescente F.L.F.P., 17, negou o crime. Inacildo Lima Siqueira, 20, não quis dar entrevista.
"Desconfiamos deles por causa do modo de agir dos ladrões durante o assalto ao advogado", declarou o delegado Francisco Basile, diretor da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio.
F.L.F.P. já havia sido detido no começo do ano sob a acusação de fazer roleta-russa nas vítimas.
Anteontem, a polícia mostrou fotografias de arquivo ao vigia e à cozinheira de Falchi. Os dois foram reconhecidos.
Os policiais pesquisaram no registro de carros, para descobrir o endereço da família de Siqueira. Encontraram um Tempra em nome de um parente do acusado que mora em Taboão da Serra (Grande São Paulo).
Uma equipe de oito policiais foi até Taboão e vigiou a casa por duas horas. Quando mudavam a vigia de lugar, o acusado saiu da casa em um Gol, e a polícia acabou perdendo o carro de vista.
Enquanto cinco policiais ficaram na casa de Taboão, outros três foram procurar no bairro da Pompéia (zona oeste de São Paulo), onde Siqueira havia morado.
Segundo Basile, Siqueira voltou a ser visto em um bar na Pompéia.
Os policiais deram meia volta, e o acusado saiu em direção ao Gol. O delegado desceu do carro e, quando atravessava a rua, foi atropelado por uma motocicleta.
Os outros dois policiais correram e prenderam Siqueira. O adolescente F.L.F.P. estava perto do bar quando foi detido.
Roleta-russa
No roubo à casa de Falchi, os ladrões fizeram roleta-russa e marcaram com faca quente a mão da mulher do advogado, Vanda Gracia Maria Caselli Falchi, 71, além de ameaçarem cortar-lhe o dedo.
Também deram chutes, socos e coronhadas nos funcionários para saber onde ficava o cofre.
Convencidos de que não havia cofre na casa, reuniram Falchi, sua mulher, a cozinheira, a arrumadeira, dois vigias e o motorista num quarto e jogaram álcool em todos.
Um deles riscou um fósforo, que apagou. Segundo Basile, o ladrão teria dito: "Vocês estão com sorte." "Quando perguntaram por que ele ia fazer aquilo, ele falou que era o demônio."
Em seguida, o ladrão ateou fogo em Falchi. O vigia Sebastião Ferreira Guerra também foi atingido. Os assaltantes fugiram com R$ 300. "Saíram dando risada", disse o delegado.

Texto Anterior: OAB defende desarmamento
Próximo Texto: Rapaz nega ter ateado fogo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.