São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Grupo sequestra brasileiros na Colômbia

DA REDAÇÃO; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os engenheiros brasileiros Demétrio Mendonça Duarte e Eduardo Batista Resende foram sequestrados na noite de anteontem na Colômbia, provavelmente pela guerrilha esquerdista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Segundo a polícia colombiana, Resende conseguiu fugir logo depois do sequestro, próximo à localidade de La Manzanera.
A família dele e a empresa Andrade Gutierrez, para a qual trabalham os engenheiros, dizem que Resende continua sequestrado (leia texto abaixo).
Funcionários da Andrade Gutierrez na Colômbia fizeram uma busca, de carro, pela estrada, mas não encontraram Resende.
Os guerrilheiros, com uniformes militares e simulando uma blitz sobre uma ponte, pararam o carro em que estavam os engenheiros e em seguida os levaram, provavelmente para um região montanhosa dos arredores.
O sequestro aconteceu por volta das 19h, a cerca de 80 km de Bogotá. Os brasileiros trabalham nas obras da estrada que liga Bogotá a Villavicencio, onde vivem. Eles voltavam à cidade quando foram parados. Não houve resistência. A área é um reduto das Farc.
Duarte, 38, é o gerente da obra na estrada e está na Colômbia desde 1994. Resende, 39, seu assistente, está no país desde fevereiro.
O coronel Luiz Humberto Pachón, responsável pela Central de Operações da polícia colombiana, disse que ainda não conseguiu determinar o local onde os sequestradores se refugiaram, e por isso nenhuma ação policial estava prevista para as próximas horas.
Até a tarde de ontem, nem a construtora Andrade Gutierrez nem a polícia haviam recebido um pedido de resgate -nem mesmo um comunicado que permitisse confirmar a autoria do sequestro.
O Exército colombiano decidiu colocar um efetivo extra de soldados para guardar o acampamento que a empreiteira ergueu próximo à estrada. A sede da Andrade Gutierrez, em Belo Horizonte, disse que seus 46 funcionários brasileiros na Colômbia nunca haviam tido problemas com as Farc.
A guerrilha anunciou ontem que está disposta a encerrar suas atividades em quatro municípios.
O governo autorizou dois Departamentos (equivalentes a Estados) a manter "diálogos" com a guerrilha, mas sem negociar.
O anúncio da desmilitarização foi feito pelo líder da guerrilha, Manuel Marulanda Vélez, em uma carta ao ex-chanceler Augusto Ramírez Ocampo. Marulanda disse estar na Costa Rica.
Na carta, o líder guerrilheiro pede também a instalação de uma Assembléia Constituinte.

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