São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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É MUITA VIDA

A crise financeira por que passa a Nasa, a agência espacial norte-americana, não é segredo para ninguém. O que impulsionava a chamada corrida espacial era, sem sombra de dúvida, a Guerra Fria.
Os soviéticos saíram na frente, ao colocar, em 1961, Iuri Gagárin em órbita, mas foi o norte-americano Neil Armstrong o primeiro homem a pisar na Lua em 1969.
Com o colapso da União Soviética e a preocupação com déficits crescentes, o programa espacial americano viu suas verbas se reduzirem. É mais do que evidente que isso não contentou aos técnicos da agência.
Na semana passada contudo, com a descoberta de microorganismos fósseis em um meteorito oriundo de Marte, acenou-se com a possibilidade de acelerar as missões previstas para explorar o planeta vermelho.
Trata-se sem dúvida de uma importantíssima descoberta científica que possivelmente poderá levar os Estados Unidos a gastarem mais no seu programa espacial.
O entusiasmo do pessoal da Nasa contudo parece ter extrapolado. Esta semana a agência anunciou que obteve fotos que sugerem a possibilidade de uma das luas de Júpiter, Europa, ter condições propícias para o surgimento de vida. Lá haveria gelo e, apesar da grande distância do Sol e das baixas temperaturas, a atividade vulcânica do astro poderia propiciar a existência de água morna, o que possibilitaria o surgimento de vida como a conhecemos.
Trata-se sem dúvida de uma outra notável descoberta, mas o tão curto intervalo de tempo entre os anúncios dos dois achados e o fato de o segundo ter origem na própria Nasa poderia sugerir que a agência norte-americana, saudosa dos tempos da Guerra Fria e das vultosas verbas, estaria procurando um novo pretexto para garantir dinheiro.
Jocosamente, afirmam alguns, não seria de estranhar se algum dia alguém descobrir que a Nasa secretamente patrocinou o filme "Independence Day".

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