São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996 |
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Mercadoria
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Queixa-se, com razão, o ombudsman desta Folha, Marcelo Leite, de que a eleição municipal virou um torneio mercadológico em vez de uma disputa pautada por propostas.O fato de ter razão não impede constatar que vai ser difícil mudar a lógica. Basta ler os manuais que os grandes partidos estão divulgando para orientar seus candidatos em todo o país. Até o do PT, em tese menos afeito ao marketing, dá a ele um valor extraordinário. Chega ao ponto de dizer que os regimes comunistas ruíram porque "entre outras coisas, faltou marketing governamental a eles". Diz ainda o guia petista: "É básico não esquecer que a maioria das pessoas, ao contrário do desejado, não pensa como a gente e, por isso, ações e conceitos que podemos julgar fundamentais para elas talvez não o sejam". Consequência inevitável: "A campanha sempre deve ser pautada nos desejos e anseios da população". Não deixa de ser realista, mas é igualmente um convite para que os candidatos petistas pareçam ser aquilo que o eleitor espera, não o que de fato são. O manual do PSDB não faz por menos. O tema do marketing merece até um folheto à parte, encartado no guia para seus candidatos. Nele, o partido entrega a alma ao marketing. "Ao comando do marketing político cabe estabelecer as linhas básicas de toda a comunicação da campanha, do correto posicionamento do candidato, bem como o posicionamento do partido, ou coligação, da definição do discurso básico, da formação da imagem institucional, do monitoramento do quadro político e sua adequação ao candidato", diz. Em ambos os documentos, o papel das pesquisas de opinião pública é fortemente enfatizado. A ponto de o PT afirmar: "Precisamos de pesquisa para traçar o perfil do eleitorado e do candidato ideal". Não foi o que Duda Mendonça fez para chegar a Celso Pitta como o candidato ideal do PPB? Texto Anterior: É MUITA VIDA Próximo Texto: Reforma sem fim Índice |
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