São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Reforma sem fim

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ao comentar como se processa uma troca de ministros, FHC pronunciou uma frase emblemática.
Não com estas palavras exatamente, mas com este sentido, o presidente disse: "Uma reforma ministerial a gente sabe como começa, mas não sabe como termina".
Ontem começou a reforma ministerial. Foi indicado um ministro interino para a pasta dos Transportes. Como e quando isso vai terminar, ninguém sabe. Nem FHC.
É que ainda estão em gestação os fatores que vão determinar o perfil do novo ministério. Há dois componentes básicos: o político e o econômico.
Na área econômica, FHC espera que o céu seja de brigadeiro em dezembro. Na área política, torce por uma vitória eleitoral em cidades importantes.
Infelizmente, para FHC, não existe certeza em nenhuma dessas áreas.
No plano político, diz tudo a expressão facial do presidente junto com José Serra em foto publicada ontem na primeira página da Folha. É o caso de usar o chavão da foto que vale mais do que mil palavras. Ou, no caso, mais do que mil gravações em vídeo.
Mas, mesmo com tanta incerteza para administrar, FHC começou a dar alguns sinais sobre como será a pegada de seu futuro ministério.
Indicou pessoalmente o secretário-executivo dos Transportes. Será o engenheiro José Luiz Portella Pereira, ex-presidente da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE).
Portella tem o perfil de executor competente. Por exemplo, distribuiu neste ano os livros escolares logo no início das aulas. Por incrível que pareça, algo inédito no país.
É assim que terão de ser os novos ministros: tocadores de obras. Pelo menos, parece ser essa a idéia de FHC.
*
A piada é antiga. Mas voltou a circular ontem em Brasília por causa da indefinição presidencial no Ministério dos Transportes.
Como se caça um tucano? Resposta: coloque um alçapão em cima de um muro. E como não se caça um tucano? Coloque dois alçapões sobre um muro.

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