São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Saída de Klein anuncia reforma

FERNANDO RODRIGUES

FERNANDO RODRIGUES; RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mudanças devem ocorrer até o início de 97

RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
Ao escolher um "ministro-tampão" para o lugar de Odacir Klein (Transportes), o presidente Fernando Henrique Cardoso deixou claro que pretende mesmo fazer ampla reforma ministerial no final deste ano ou início do próximo.
O primeiro resultado deste sinal foi aumentar o nervosismo dos que ocupam as principais cadeiras na Esplanada dos Ministérios.
Por causa da lentidão das reformas, em tramitação no Congresso, a alguns ministros incomoda o fato de terem se desgastado muito e de sair sem grandes realizações. É o caso de Bresser Pereira (Administração) e de Reinhold Stephanes (Previdência).
Os ministros são divididos em três grupos: os "imexíveis", mas que podem ser trocados de função; os descartáveis; e os que só saem se FHC tiver onde acomodá-los.
Alguns exemplos. Sérgio Motta (Comunicações), Pedro Malan (Fazenda) e Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) fazem parte do grupo intocável. O jeito operador de Motta pode levá-lo para a Casa Civil ou cargo assemelhado que o deixe mais perto de FHC.
Lampreia só sai se pedir -e deve mesmo ir para Washington. Nesse caso, um funcionário de carreira assumiria o cargo. Entre outros motivos, para reservar o posto para a eventualidade de ser necessário acomodar Marco Maciel -no caso de troca de vice na reeleição.
Antes de acomodar Maciel, a vaga de Lampreia pode ser usada para fazer acordo com os liderados de Paulo Maluf ou José Sarney.
Entre os que precisam de acomodação especial está Nelson Jobim (Justiça). O ministro foi para o cargo por indicação pessoal de FHC.
Jobim deseja ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso só pode acontecer se abrir uma vaga. Dois ministros, por razões diferentes, podem deixar seus cargos no início do ano que vem: Maurício Corrêa e Francisco Rezek. Mas isso ainda não é certo.
Na categoria de outros ministros, tudo pode acontecer. De Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo) a Israel Vargas (Ciência e Tecnologia), passando por Bresser Pereira (Administração) e Adib Jatene (Saúde), ninguém está garantido no cargo.
A reforma pode surpreender até no setor militar, tradicionalmente livre de mudanças repentinas.
O tamanho da reforma ministerial tem um parâmetro mais nervoso: o tamanho da derrota tucana nas eleições municipais. A manter-se o desempenho deste início de campanha, FHC vai ter que dar mais atenção aos partidos aliados.
Na política, mais atenção é sinônimo de cargos. E para dar para uns precisa tirá-los de alguém.

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