São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Nove pessoas morrem em duas chacinas

FÁBIO ZANINI

FÁBIO ZANINI; RENATA RODRIGUES
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Em Diadema, 4 vítimas estavam ao redor de uma fogueira; no Rio, 5 corpos foram achados dentro de casa

RENATA RODRIGUES
Duas chacinas que ocorreram na madrugada de ontem no Rio e anteontem em Diadema (Grande São Paulo) vitimaram nove pessoas.
No Rio, a polícia suspeita que os assassinatos fazem parte de uma "guerra de quadrilhas" rivais. Em Diadema, estão sendo investigadas as hipóteses de "acerto de contas" entre traficantes e a ação de "justiceiros".
No crime de Diadema, quatro pessoas foram mortas a tiros e três ficaram feridas em frente a um terreno baldio no Jardim União, periferia da cidade. Dois dos mortos eram menores de 18 anos.
A chacina, a 4ª na região do ABCD em menos de um mês, ocorreu por volta das 22h30 na rua Jubiabá. A polícia ainda não tem pista dos assassinos, que fugiram após cometer o crime.
Morreram na hora, com tiros na cabeça e nas costas, Paulo Egídio Gomes de Lima, 20, José Lustosa Gomes Filho, 21, Manoel Soares Neto, 14, e Giovani Souza Silva, 17.
Os feridos -Luciano José da Silva, 18, e as irmãs Alessandra Maria da Silva, 19, e J.M.F, 13- foram levados ao Hospital Público de Diadema e não correm risco de vida.
"É provável que tenha sido ação de justiceiros, que agem na região contra grupos que fazem pequenos roubos", disse o investigador John Peters, na Delegacia Central de Diadema. A polícia ainda não sabe se as vítimas tinham antecedentes criminais.
Outra hipótese investigada pelos policiais é a de acerto de contas por causa de dívidas com traficantes de cocaína.
O investigador afirmou que algumas pessoas disseram à polícia que presenciaram o crime, mas se recusam a prestar depoimento por medo de vingança.
Segundo a versão das testemunhas, as sete vítimas estavam ao redor de uma fogueira quando foram surpreendidas por quatro ou cinco homens mascarados.
"Foi uma execução típica. Os criminosos mandaram que todos deitassem no chão, perguntaram o nome de cada um e começaram a atirar", afirmou Peters. "Os três que escaparam foram poupados."
Rio
Quatro homens e uma adolescente de aproximadamente 13 anos, na avaliação de policiais, foram encontrados mortos a tiros dentro de uma casa, na favela Tiradentes, em Anchieta (zona norte).
A polícia diz acreditar ser "guerra de quadrilhas", para acerto de contas. Policiais do 14º BPM (Batalhão de Polícia Militar) foram avisados por moradores da favela que ouviram os tiros, por volta de 1h.
Os corpos foram achados em uma casa, na rua Moraes Pinheiro, na parte mais alta do morro. Apenas o corpo de Alexandre Araújo da Silva, 21, havia sido identificado até as 10h30.
Segundo a polícia, Silva morava na Ilha do Governador (zona norte). Não se sabe o que ele estaria fazendo no morro. Reginaldo Ferreira de Lima foi detido e levado para a 31ª DP (Delegacia de Polícia), onde o caso foi registrado, acusado de participar da chacina.
A polícia não informou se há testemunhas do crime. Policiais civis passaram a manhã de ontem no local fazendo perícia e tentando identificar os corpos.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio não tem estatística específica sobre chacinas -trata os casos como homicídios.

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