São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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BC induzirá estrangeiro a comprar os estaduais

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Bancos estrangeiros serão autorizados a ingressar ou a aumentar seu capital no país caso se disponham a comprar bancos estaduais, planeja o BC (Banco Central).
Prevê-se, de forma otimista, que a privatização de bancos estaduais acontecerá nos próximos dois anos -ou seja, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.
Com o sistema financeiro perdendo participação no PIB (Produto Interno Bruto, a soma da riqueza nacional), caberia aos estrangeiros entrar com o dinheiro na privatização.
"Há um grande interesse dos bancos estrangeiros em participar do mercado brasileiro", diz o presidente do BC, Gustavo Loyola.
No governo FHC, bancos estrangeiros estão sendo autorizados a ingressar no país pela primeira vez desde a Constituição de 1988 -e, ainda assim, só para cumprir missões especiais.
Pelo texto constitucional, esse ingresso está condicionado ao "interesse do governo brasileiro".
Pelo comportamento do governo, o interesse é aproveitar o capital dos estrangeiros para ajustar os bancos locais.
"A melhor maneira para que eles possam entrar no Brasil é a aquisição de bancos públicos ou de bancos que eventualmente estejam procurando se ajustar", confirma Loyola.
Já houve cinco casos de autorizações especiais do CMN (Conselho Monetário Nacional) ou do BC com objetivo de socorrer bancos brasileiros em problemas.
Primeiro, foi o HKSBC (HongKong and Shangai Banking Corporation), que ganhou autorização para comprar 7% do capital do Bamerindus, em 95.
"Pedágio"
Depois, a UBP (Union Bancaire Privée), suíça, pôde se unir ao Excel Banco e reabrir o Banco Econômico com ajuda do dinheiro do BC.
A partir daí, o BC institucionalizou o sistema -que ganhou o apelido de "pedágio"- nas autorizações para ingresso de bancos estrangeiros no país.
Por pedágio, entenda-se uma lista de 65 instituições financeiras -bancos, corretoras e distribuidoras- que é apresentada a todos os estrangeiros interessados.
São relacionadas instituições quebradas sob administração do BC, em processos de liquidação e intervenção. Comprando uma delas, obtém-se a autorização.
Segundo técnicos do BC, a maioria desiste ao ver a lista -na maioria dos casos, há mais dívidas que patrimônio.
Mas o BNP (Banque Nationale de Paris), o Deutsch-Sudamerikanische e o Ford acabaram obtendo permissão para comprar, respectivamente, o Comercial de São Paulo, o Grande Rio e o Columbia.
A única exceção ao sistema de pedágio é o holandês Rabobank, o primeiro autorizado a ingressar no país no ano passado pela tradição em operar com crédito rural.
"Na época, a gente ainda não tinha pensado na outra utilidade", diz, rindo, Gustavo Loyola, explicando que a idéia do pedágio só surgiu depois.

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