São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Caem os empregos com carteira assinada
DA REDAÇÃO A taxa de desemprego cresceu após o arrocho monetário do ano passado, principalmente a partir de 96, mas o nível de ocupação na Grande São Paulo é hoje maior do que no início do Plano Real.Em junho de 94 estavam ocupadas na região 6,75 milhões de pessoas; em junho passado, 7,16 milhões, segundo a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) da Fundação Seade e do Dieese. Na véspera do Real, entretanto, os assalariados correspondiam a 65,7% do total de ocupados. Essa participação caiu para 62,8%. No setor privado, os assalariados com carteira assinada tinham índice 106,2 em junho de 94, declinando para 105,9 em junho de 96 (a base 100 é a média de 1985, quando teve início a PED). O índice dos sem carteira assinada subiu de 149,6 para 175,9 no mesmo período. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, feita em seis regiões metropolitanas do país, também constata que, entre a população ocupada, o número dos empregados com carteira assinada caiu 4,14% nos últimos 12 meses até junho de 96, enquanto o dos sem carteira assinada cresceu 6,54% no mesmo período. Pedro Paulo Martoni Branco, diretor executivo da Seade, explica que na década de 80, com a economia mais protegida da concorrência externa e o setor produtivo estatal mais atuante, o mercado de trabalho com carteira assinada era de certa forma preservado. "A economia crescia pouco, mas preservava o estoque de empregos formais", diz ele. A partir de 1990, inicialmente com o aperto da retenção dos cruzados novos, e depois com a maior exposição da economia à competição externa, deu-se início ao processo de reengenharia e busca de maior competitividade pelas empresas, com impacto sobre a estrutura do mercado de trabalho. A indústria automobilística, lembra Martoni, produz 2 milhões de veículos/ano com o mesmo nível de emprego de 1 milhão. O processo persistiu, e só foi atenuado com o crescimento da economia após o Real. Mas, com a queda provocada pelas medidas restritivas de 95, "vagas foram sendo queimadas" e a gravidade da situação do emprego no país ficou mais nítida, afirma Martoni. Texto Anterior: Doméstico terá direito à multa sobre o fundo se for demitido Próximo Texto: O Banco Central de velhos vícios Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |