São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Lixeiro precisa de resistência para correr e não se contaminar

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

É preciso ter bom preparo físico e capacidade de resistir aos frequentes acidentes e riscos de contaminação. Não é à toa que lixeiro (ou coletor, como preferem ser chamados) foi a profissão mais rejeitada espontaneamente -21%.
"A palavra lixeiro não consta do vocabulário empresarial. É pejorativa. Desde criança, ouvimos: 'Não serve para nada? Vai ser lixeiro!"', diz Luiz Scholz, 65, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública.
Para José Moacyr Pereira, 40, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo, "há uma exclusão quase natural pelo fato do trabalho envolver o manuseio do lixo, o rejeito da sociedade".
"É duro. Correr atrás de caminhão não é para qualquer pessoa, mas é um serviço que tem de ser feito", afirma Geraldo Rosa da Silva, 68, que trabalha na coleta em Santo André (Grande São Paulo).
Com seis filhos, 13 netos e uma bisneta, ele começou tarde, aos 52 anos. Em plena forma, encara os 30 quilômetros diários atrás do caminhão como um treino para seu hobby: correr maratonas.
Na opinião de João Biazotto, 33, que trabalhou cinco anos como lixeiro e há sete é motorista de caminhão de coleta, o maior problema da profissão é o desgaste físico. "Tem de precisar trabalhar e ter muita força de vontade."
"A maldita lata complica a vida dos lixeiros", afirma, evidenciando um dos principais riscos da atividade: acidentes de trabalho.
Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi, 43, professora da Escola de Enfermagem da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, constatou três tipos.
Os mais frequentes, segundo seus estudos, são cortes nas mãos, lesões nos membros inferiores e dores na coluna.
(LB)

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