São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Stripteaser convive com o estigma de garota de programa

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A rejeição à profissão de stripteaser -84% nas respostas estimuladas- é maior entre as mulheres: 90%, contra 77% dos homens.
Quem vive do striptease justifica esses números dizendo que há falta de informação sobre a profissão.
"Não é nada daquilo que as pessoas imaginam. Acham que é coisa de programa", diz Malu Bailo, 27, também atriz de filmes eróticos.
"Nunca fiz programa na vida." Com 11 anos de carreira, ela acaba de estrear um show de striptease dirigido "para a alta sociedade".
"Tem muita sensualidade. Demoro 17 minutos para tirar toda a roupa, tem magia. E nem faço completo, não tiro a calcinha."
Os próprios donos e gerentes de boate confundem o papel de stripper com o de garota de programa.
"Sim, nós temos stripper. Se ela depois quiser sair com o cliente, o problema é dela", afirmou o proprietário de uma casa noturna da rua Nestor Pestana, na Consolação (região central de São Paulo).
Segundo os donos de boate da região central de São Paulo, a polícia está fazendo um cerco contra casas com show de striptease, sob a afirmação de que isso "facilita a prostituição".
É mais uma prova de que a profissão é confundida com a de garota de programa. Outro exemplo: questionado sobre o quanto a casa pagava às garotas, o dono respondeu: "Nada, ela ganha do cliente".
Ser profissional de striptease supõe um contrato junto à casa noturna, em que pelo menos exista um registro como dançarina.
Não raro ganham R$ 100 só pela chance de dançar numa casa noturna. "A maioria faz de graça, só para se mostrar", disse uma delas.
"A primeira coisa que as pessoas dizem sobre fazer striptease é: 'Ai, nossa, imagina!' É uma visão preconceituosa unida à falta de produção decente dos espetáculos de strippers", diz Malu.
(LPz)

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