São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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1 em cada 200 já teve epilepsia

MARISTELA DO VALLE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Epilepsia é um distúrbio que mexe com a atividade elétrica do sistema nervoso, segundo Maria Joaquina Marques-Dias, do Hospital das Clínicas da USP.
Segundo ela, todas as funções do cérebro dependem de células do sistema nervoso que descarregam e produzem atividade elétrica, os neurônios.
A crise epilética se manifesta quando um grande contingente de células nervosas "disparam" de uma forma sincronizada.
Segundo Fernando Kok, 1 em cada 200 pessoas já teve epilepsia em uma época da vida. E cerca de 80% das pessoas com o distúrbio têm até 20 anos de idade.
Geralmente, a epilepsia se manifesta por meio de crises crônicas, caracterizadas por convulsões ou desligamentos momentâneos. Uma criança com convulsões tem movimentos anormais, bate as pernas e os braços, revira os olhos e pode mesmo ficar roxa.
Na maioria das vezes, a epilepsia é um sintoma secundário de outras doenças provocadas por uma má-formação do sistema nervoso, asfixia durante o parto, infecções ou doenças congênitas.
Mas também pode se manifestar mais tarde, por exemplo após infecções graves como a meningite.
Em 80% dos casos, é possível impedir uma crise com medicamentos. "Você pode conviver com uma pessoa por muito tempo sem saber que ela tem epilepsia", diz a médica do HC.
Há entre seis e dez medicamentos para epilepsia no mundo. Algumas crises são reduzidas com a ingestão de um coquetel desses medicamentos. "Mas uma pessoa que não melhorou após tomar mais de dois remédios dificilmente se adaptará com outras drogas". Segundo Marques-Dias, a dieta cetogênica é indicada nesses casos.
Preconceito
A imagem de uma pessoa com crise epilética é impressionante. Talvez esse seja um dos motivos de haver discriminação em relação ao problema.
"Há escolas que não aceitam crianças com epilepsia", diz Angela Strazer, mãe da garota Marina, 5, que tem o distúrbio.
É comum as pessoas dizerem que o epilético em crise pode se engasgar com a própria língua enrolada e, por isso, a pessoa que está ao lado deve puxar sua língua para fora da boca. "Isso não é a melhor coisa a fazer", dizem os médicos.
"Se enfiar a mão dentro da boca de uma pessoa em convulsão, a pessoa que está perto pode até se machucar. Uma pessoa em crise pode morder a sua mão." Os médicos explicam que o melhor a fazer é se afastar um pouco, para que o enfermo possa respirar.
Outro mito em relação à doença é contestado pelos médicos: "Baba de epilético pega e uma crise pode levar à morte".

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