São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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PREOCUPAÇÃO ELEITORAL

As demissões e a escassez de vagas de trabalho certamente despontam entre as maiores angústias da população brasileira e, em princípio, é desejável a ampliação do seguro-desemprego. Mesmo porque o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), criado essencialmente para custear esse programa, é uma das poucas contas do governo que apresentam saldos positivos.
Ainda que se deva reconhecer o mérito do então deputado José Serra pela autoria desse instrumento de amparo social, nada retira o aspecto eleitoreiro da extensão desse benefício às vésperas da sucessão municipal e em pleno horário eleitoral, como solicitada pelo senador, ex-ministro e agora candidato tucano à Prefeitura de São Paulo.
Ainda que a lei do seguro-desemprego preveja a possibilidade de ampliar a duração do benefício em dois meses, como proposto agora, o caráter temporário dessa extensão, que duraria apenas meio ano, e a coincidência de datas (a ampliação começaria em setembro e o primeiro turno do pleito ocorre em outubro) reforçam a suposição de que se pretende tirar proveito eleitoral da medida.
O amparo aos desempregados tem evidente valor humanitário, tende a reduzir a tensão social e a violência. Mas é de estranhar, para dizer o mínimo, que tal preocupação surja exatamente neste momento.

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