São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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FHC e Serra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Engana-se quem acha que o presidente Fernando Henrique Cardoso está desembarcando da candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo.
Se as palavras ainda valem alguma coisa, então esta é a palavra de FHC a esta coluna: "Serra é seguramente o candidato melhor preparado para governar a cidade de São Paulo".
FHC poderia simplesmente se recusar a comentar a candidatura de Serra, empacada num opaco quarto lugar, com apenas 9% das preferências de voto, segundo o Datafolha.
Essa seria a atitude natural do presidente, se fossem verdadeiras as versões de que FHC não iria querer se atolar numa campanha com poucas chances reais de vitória -hoje, pelo menos.
Mas FHC falou prontamente na sexta-feira, logo depois de divulgados os números ruins para Serra. Saiu como se fosse em socorro. Algo natural entre dois antigos aliados.
"Serra possui determinação como poucos. É certo que até agora não está bem colocado nas pesquisas. Mas e a Erundina não ganhou na última hora do Maluf em 88?", se recorda FHC. Ele se referia ao fato de Luiza Erundina ter consolidado sua vitória sobre Paulo Maluf apenas nos últimos dias da eleição municipal de 88.
Outra indagação presidencial: "E quantas vezes o eleitorado só desperta no último mês de campanha?" FHC acha que ainda há tempo suficiente para uma recuperação. "Nada de desânimo. É lutar e persistir", afirma.
A partir de agora, FHC deve tornar mais frequentes suas declarações favoráveis a Serra. Não quer apenas apoiar o candidato. Quer que isso fique bem claro para os eleitores.
E, principalmente, que não restem dúvidas para os integrantes do seu partido, o PSDB.
Essa atitude de FHC pode não ser uma garantia de que José Serra tenha condições reais de se recuperar na eleição. Mas é uma evidência de que o presidente não está desembarcando da candidatura tucana.

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