São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996
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Tecnologia 'ameaça' revista científica

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DA REPORTAGEM LOCAL

As novas tecnologias de informática -como os CD-ROM- e de comunicação -como a Internet- poderão acabar para sempre com as versões impressas de revistas científicas, livros de referência e anais de congresso, afirma Jeremy Mynott, 54, diretor-geral da mais antiga editora universitária do mundo, a Cambridge University Press, fundada em 1534.
Já os livros-texto e romances não são ameaçados pelas novas tecnologias, diz. "Ninguém aguenta ler um livro continuamente em uma tela de computador."
"Há 20 anos já se dizia que os livros desapareceriam e as bibliotecas se tornariam algo como um enorme disco rígido. Mas, nessa área, há mais forças conservadoras do que as pessoas imaginam."
Para Mynott, o que ocorrerá é o surgimento de um novo tipo de publicação, que ele denomina "híbrida". "Nós publicamos alguns livros de astronomia, por exemplo, onde as conclusões dependem de dados que não podem ser apresentados adequadamente no próprio livro. Então, poderemos disponibilizar essas informações gráficas na Internet."
Referências
"No caso dos livros de referência, as novas tecnologias entram como uma vantagem", afirma o inglês, que veio ao Brasil na semana passada para participar do 2º Encontro Internacional de Editoras Acadêmicas e Universitárias, promovido pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Segundo ele, os primeiros experimentos da Cambridge University Press nessa área são os CD-ROM de referência.
"Eles possibilitam que você apresente uma quantidade gigantesca de dados, que podem ser investigados de novas maneiras, impossíveis na forma de livro."
No caso dos periódicos científicos impressos, "o futuro é muito incerto". "Parece que a disponibilidade de periódicos eletrônicos pode minar as publicações originalmente em papel de uma forma hoje ainda imprevisível".
"Já temos alguns de nossos periódicos, como o 'Protein Science', em CD-ROM. No ano que vem, pretendemos colocar cerca de 50 periódicos de Cambridge na Internet. Eles serão acessíveis através de senhas para assinantes."
A idéia é que, ao adquirir uma revista científica, o pesquisador tenha interesse em um ou dois artigos. Assim, o pagamento poderá passar a ser feito por artigo, e não por toda a edição publicada".
Segundo Mynott, a facilidade em se publicar qualquer coisa na forma eletrônica "aumenta a importância do papel dos editores": "Um dos perigos da Internet é que as pessoas se defrontam com informação demais. A vantagem de ter um bom editor é que ele faz uma filtragem preliminar".

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