São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serra paralisa sua campanha de rua

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha de rua de José Serra à Prefeitura de São Paulo está praticamente paralisada. De segunda-feira até hoje, a agenda do candidato tucano não reservou espaço para visita a bairros.
A exceção ocorreu ontem no início da tarde, quando um desencontro de informações no comitê de Serra transformou o que seria somente uma gravação externa para o horário gratuito, no bairro de São Miguel Paulista (zona leste), num encontro com militantes da região.
Os tucanos do bairro foram informados da presença de Serra e improvisaram uma rápida caminhada do candidato. Hoje, a agenda de Serra prevê apenas reuniões internas e gravações para a TV.
Oficialmente, a paralisação é explicada como intencional. "Nós estamos avaliando o que foi feito até agora e os resultados obtidos para depois retomarmos as atividades", afirmou o deputado estadual Walter Feldman, responsável pela área de mobilização da campanha de Serra.
No bastidor, o que ocorre mesmo é desânimo. A crítica de anteontem do ministro Sérgio Motta à condução da campanha foi encarada por setores tucanos como a pá de cal na pretensão eleitoral de Serra.
Motta afirmou, na ocasião, que Serra errara, no início de sua campanha, ao não associar sua imagem à do presidente Fernando Henrique Cardoso. Listou ainda o governador Mário Covas e ele próprio (Motta) como políticos cuja vinculação com o candidato não fora bem explorada.
O efeito da análise de Motta foi devastador. O ministro é talvez o amigo mais próximo de Serra e a declaração foi encarada como admissão prévia da derrota.
Ao saber da entrevista de Motta, Serra ligou irritado para o ministro, que imediatamente tentou minimizar o efeito da crítica.
Difícil
A "terça-feira" infeliz de Serra foi completada ainda por uma dura crítica de d. Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, ao acordo feito por Motta para ganhar o aval da Igreja Universal do Reino de Deus à candidatura tucana.
Para complicar ainda mais a situação de Serra, está cada vez mais difícil recorrer ao discurso pelo "voto útil" dos eleitores de Luiza Erundina (PT) contra o "inimigo comum", Celso Pitta (PPB).
Não se encontrou ainda fórmula para pedir o voto dirigido a uma candidata que tem, até agora, pelo menos o dobro da taxa de adesão ao tucano.
Em todo caso, o programa de TV de Serra já começou a cutucar Erundina, embora em tom mais baixo do que o reservado para as farpas ao malufismo.
Na rede tucana de intrigas, há espaço também para críticas ao publicitário Geraldo Walter, responsável pelo programa de TV.
Em conversas reservadas, políticos do PSDB diagnosticam que Walter está perdendo o duelo para Duda Mendonça, publicitário de Pitta.
Não há esperança de um fato novo via governo federal para espantar a crise. O que existe é uma aposta sem muita convicção no resultado da investigação que está sendo feita sobre a administração malufista e a vida de Pitta.

Texto Anterior: Benefício é ampliado em 156 cidades
Próximo Texto: FHC agora prevê vitória tucana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.