São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Rossi cai 4 pontos e Pitta vai a 37%

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda de quatro pontos percentuais de Francisco Rossi (PDT) na mais recente pesquisa Datafolha aumenta as chances de vitória do candidato malufista, Celso Pitta (PPB), ainda no primeiro turno da eleição paulistana.
A pesquisa mostra ainda que 57% dos paulistanos acham que Pitta será o novo prefeito.
A principal variável da campanha passou a ser a intenção de voto do candidato do PDT. Se ela continuar caindo, Pitta deverá ser o principal beneficiário da migração desses eleitores.
Enquanto Rossi caiu de 16% para 12%, o candidato malufista oscilou positivamente, embora no limite da margem de erro da pesquisa: foi de 35% para 37%. Aparentemente, ficou com metade dos votos perdidos pelo pedetista.
A candidata petista, Luiza Erundina, parece ter encontrado sua linha de resistência. Ela manteve-se estável, indo de 23% para 24%.
José Serra, candidato do PSDB, também parece poder se beneficiar da perda de intenção de voto de Rossi. O tucano ficou dentro da margem de erro de dois pontos, mas passou de 9% para 11%.
Em tese, se um candidato chegar a 46,5% das intenções de voto (metade mais 1 dos votos válidos) não haverá segundo turno. Pitta está a 9,5 pontos desse patamar, mas essa distância pode ser menor.
Votação eletrônica
É que na situação real da eleição há um componente que não aparece na pesquisa: o erro ao votar.
Os votos anulados fazem diminuir o universo de votos válidos e, por consequência, o percentual que o candidato precisa atingir para vencer já no primeiro turno.
Nessa eleição ninguém sabe prever qual o percentual de eleitores que errará, porque será o primeiro pleito com votação eletrônica.
Não haverá mais cédula de votação, mas uma máquina em que o eleitor terá que apertar botões para escolher seu candidato, votar em branco ou anular o voto. A novidade pode aumentar ou diminuir a incidência de erros.
Em 1988, houve 17,55% de votos não-válidos. Na eleição de 1992, esse percentual subiu para 23,7%. Na ocasião, Paulo Maluf não se elegeu no primeiro turno por uma margem muito pequena. Ele teve 37%, o mesmo patamar atingido por Pitta a 40 dias do pleito.
A favor do candidato de Maluf há ainda o fato de que seu programa de TV é o mais bem avaliado pelos eleitores -e a propaganda no horário eleitoral gratuito tem se mostrado decisiva nessa eleição.
Adversários de Pitta estão preocupados com o comportamento de Rossi. O candidato do PDT é o que tem menos suporte financeiro e tempo na TV. Isso pode fazer com que ele perca mais eleitores na reta final da campanha.
Rossi perdeu três pontos percentuais na pesquisa espontânea. Foi de 10% para 7%, empatando com Serra. Assim como Erundina (19%) e Pitta (31%), o tucano viu aumentar em 2 pontos sua intenção de voto espontânea.
Embora sua rejeição tenha caído de 44% para 41%, Erundina continua sendo a líder nesse item. Serra continua com 26%.
Rossi foi o único que viu aumentar o percentual de eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum: de 22% para 25%.
Os ataques dos demais candidatos contra Pitta no horário eleitoral não surtiram efeito até agora. Sua rejeição oscilou dentro da margem de erro, de 24% para 25%.
Os entrevistados que disseram que votarão em branco ou nulo somaram 7%. E 6% não souberam responder. José Pinotti (PMDB) e Campos Machado (PTB) têm 1%. Os outros candidatos não atingiram 1%. O Datafolha ouviu 2.622 entre segunda e terça-feira.

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