São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Megalomania emplumada

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O senador José Serra deveria aceitar, já, a sugestão de sua rival Luiza Erundina e aderir à candidatura petista imediatamente. Só de raiva.
Afinal, quem tem aliados (e, mais do que isso, amigos) como os de Serra está condenado a dormir com o inimigo.
Começou com aquela foto do presidente Fernando Henrique Cardoso, de cara fechada, durante audiência com Serra. Foi a primeira vez em que o presidente apareceu sem um sorriso, desde que assumiu o orgástico prazer de governar.
Depois, foi a notável declaração de que "o importante é competir". Serra, do fundo de sua conhecida paranóia, deve ter pensado algo que o decoro me impede de reproduzir nesta página.
Agora, vem o terceiro membro da santíssima trindade de plumas, o ministro Sérgio Motta (Comunicações), pregar mais um prego no caixão da candidatura de seu, como direi, amigo Serra.
O ministro consegue ser megalomaníaco até quando tem certa razão. De fato, Serra deveria ter se vinculado mais, se não a FHC e Mário Covas, pelo menos ao Plano Real. A menos que não acredite nos milagres redistributivos que se atribuem ao plano.
O problema é que Motta exige que Serra se vincule não apenas a FHC e a Covas, mas também a ele próprio. Se fosse tão bom de voto assim, o ministro teria aceitado a candidatura. Fugiu da raia, empurrou Serra e agora posa de popular. Meu Deus.
Aliás, o ministro nem para palpiteiro eleitoral serve. Foi coordenador da campanha de FHC para a prefeitura paulistana (85). Perdeu. Foi coordenador das campanhas de Covas à Presidência (89) e ao governo paulista (90). Perdeu ambas.
Ganhou, é verdade, com FHC em 1994, mas, convenhamos, montado no Plano Real até eu me elegeria.
Ainda assim, Serjão agora canta para Serra "liga p'ra mim, gruda ni mim". Com esses adversários, Maluf pode até dispensar o Duda Mendonça.

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