São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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O governo e as importações

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governo se prepara para lançar uma contra-ofensiva às análises negativas a respeito do déficit na balança comercial de julho.
Em julho, o país teve um déficit de US$ 334 milhões. A Receita Federal já preparou um breve estudo para que a equipe econômica explique melhor o comportamento das importações.
Os técnicos fizeram um apanhado sobre tudo o que aconteceu com as importações nos períodos de janeiro a julho de 95 e de 96. Os argumentos para dizer que está tudo sob controle são os seguintes:
1) de janeiro a julho de 95, as importações do Brasil foram de US$ 29,7 bilhões. Neste ano, no mesmo período, caíram para US$ 28 bilhões. Ou seja, houve uma redução de US$ 1,7 bilhão no volume de importações;
2) a importação de carros nos primeiros sete meses deste ano foi US$ 2,1 bilhões menor do que em 95. Esse foi, de longe, o item que mais apresentou redução. Em segundo lugar aparece a queda de importações de milho, US$ 75 milhões a menos do que em 95;
3) entre os itens que mais registraram aumento de importações estão, pela ordem, máquinas e aparelhos mecânicos (US$ 505 milhões), trigo (US$ 250 milhões), máquinas e aparelhos elétricos (US$ 207 milhões), instrumentos e aparelhos de ótica (US$ 150 milhões), ferramentas para embutir e estampar (US$ 140 milhões) e produtos químicos inorgânicos (US$ 110 milhões).
Fora a compra de trigo, que é um vexame para um país como o Brasil, os itens que registraram aumento de importação neste ano são nitidamente para reforçar a produção interna.
"Além de a importação cair, houve uma substituição excelente. Deixamos de importar carros e passamos a importar mais máquinas e equipamentos. Isso demonstra confiança na retomada do crescimento", diz um importante membro da equipe econômica.
Certa ou errada, essa análise mostra o que o governo deseja divulgar sobre a balança comercial. Sempre de olho num clima positivo no final do ano para aprovar a reeleição de FHC.

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