São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996 |
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Eleitor não sabe votar a 42 dias do pleito
GEORGE ALONSO
Desde segunda-feira, o TRE está ensinando a votar em seis estações da zona leste em treinamento que se encerra hoje. Para muitos, o medo era vencido após a prática. Mas indagados pela Folha, logo após aula na estação Tatuapé, muitos não sabiam dizer como votar em branco, nulo ou mesmo o que fazer se errar o voto (há uma tecla que permite correção). Voto na legenda? Nem pensar. Outros esqueceram que é preciso "confirmar" o voto, apertando a tecla verde que leva essa palavra. Alguns teclavam forte os números, que se repetiam. A máquina apontava voto nulo. O eleitor, sem ler a tela, confirmava o voto. Insegurança "Quem não parar aqui, não vai saber votar", afirmou Walter Trombeta, 33, vendedor de frios. Antonia Alves, 47, técnica de lavanderia, aprovou o sistema, mas ainda se sentia insegura. "É simples. Mas muita gente não vai conseguir. Eu mesmo, sozinha na hora, não sei se vou conseguir. Tem dia que dá branco nem consigo tirar dinheiro do banco. Imagine o analfabeto, ou gente que nunca viu um computador", disse. Para ela, o TRE está atrasado. "Isso devia ter sido feito há dois meses. Isso aqui (o Brasil) não é Primeiro Mundo. Aqui tem gente explicando, e na hora?", criticou. "Vixe!", reagiu Maria Cícera, 46, auxiliar de serviços gerais, ao ser perguntada se havia entendido como votar. "É igual a tirar dinheiro do banco", emendou. Mas quando indagada o que fazer após digitar o número do candidato, Cícera vacilou. Não lembrava que era preciso apertar a tecla de confirmação, tanto para prefeito como para vereador. Campanha A Folha observou que a maior dificuldade é interagir com o computador. A maioria não lê a parte inferior da tela, na qual aparecem as instruções do passo seguinte. O TRE vai colocar um novo comercial de TV, agora mais didático, além de pequenas inserções em formato de "pílulas tira-dúvida". Segundo Cristina Krokovec, técnica do TRE, os jovens têm facilidade, muitos idosos surpreendem, e analfabetos se complicam. Na periferia, a dificuldade é maior. "Em São Mateus, as pessoas demoram mais tempo para entender", afirmou. "Vai ter gente que vai confirmar qualquer coisa, só para se livrar da máquina." O eleitor tem 1min30 para votar. Texto Anterior: Propaganda eleitoral exibe Quércia e Fleury Próximo Texto: Partidos pedem mais explicações Índice |
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