São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996 |
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França confirma expulsão de africanos
LAR
A declaração do premiê veio horas depois de o Conselho de Estado, mais alta instância de consulta sobre assuntos administrativos da França, decidir que "não existe um direito à regularização" de imigrantes clandestinos. Mas, no primeiro recuo desde o início da crise, o governo admitiu que vai aceitar negociar situações individualmente e que não exclui "agraciar" alguns dos manifestantes com medidas excepcionais. Há dois meses os africanos ocupam uma igreja de Paris, e dez deles estão em greve de fome há 49 dias. Em sua maioria do Mali, eles vivem há anos no país e há dois não têm seus vistos de permanência temporária renovados. Uma pesquisa divulgada esta semana indicou apoio de 50% da população ao protesto, e todos os dias há manifestações exigindo que o governo legalize a situação dos africanos. O conselho exortou o governo a examinar casos "especiais" -doentes, famílias com filhos nascidos na França, famílias em que um dos membros do casal tenha um visto de permanência. "Nunca nos veio à cabeça expulsar alguém que é gravemente doente. Nem separar uma mãe de seus filhos ou separar um casal", afirmou Juppé, que interrompeu suas férias e convocou uma reunião ministerial sobre o tema. Apesar do tom mais conciliador do governo -o ministro do Interior chegou a chamar o protesto de "chantagem"-, os imigrantes já haviam dito que uma solução parcial não seria suficiente. "A luta continua para a regularização de todos os 'sans-papiers' (sem-documento)", afirmou Ababacar Diop, um dos porta-vozes do grupo. Prisão e invasão A decisão do governo foi o ponto culminante em um dia tenso entre autoridades e manifestantes. Anteontem à noite um dos africanos, o malinês Dembele Makan, chegou a ser preso. Ontem à tarde a Justiça mandou soltá-lo, alegando que sua detenção foi irregular, apesar de considerar que o africano está em situação irregular no país. Também durante a tarde, a sede do RPR (Reunião pela República, partido do presidente Jacques Chirac) em Paris foi invadida por outro grupo de simpatizantes para denunciar a "intransigência do governo". Eles foram expulsos pela força de choque da polícia. Texto Anterior: Luta antiapartheid foi justa, diz CNA Próximo Texto: Golpe em Burundi fez 6.000 mortos Índice |
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